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Publicado: Sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Cristianismo e Kardecismo: Contradições

No artigo anterior comentei pontos comuns entre cristãos e kardecistas. Entre eles a crença em Deus Criador, a existência de uma vida após esta, a defesa da vida dos nascituros e a solidariedade com os mais pobres. Acentuei, porém, que a tese fundamental do kardecismo – a reencarnação – vem do hinduísmo e do budismo, sendo muito anterior a Allan Kardec e estando em contradição com a revelação bíblica. Negar tal fato é confundir “alhos com bugalhos”.

Sem intenção de polemizar, lembro hoje que renomados conhecedores da teologia e da moral católica e até mesmo alguns protestantes, continuam repetindo que o kardecismo é a síntese de praticamente todas as heresias, que nestes vinte séculos vieram contestando as verdades da fé cristã.

Não pretendendo esgotar o assunto, exponho aqui as diferenças radicais entre a fé dos cristãos e a doutrina kardecista, sobre a Santíssima Trindade e a pessoa de Jesus Cristo. Mais adiante, com o respeito que todos merecem e o amor à verdade que devemos ter, serão destacados outros pontos inconciliáveis.

Os livros do Antigo Testamento destacam a existência, a onipotência, a sabedoria e o amor de Deus Pai. Mas já há referências suficientemente claras a Cristo, o Messias e Salvador, reiterada e insistentemente prometido por Deus e pelos profetas. E, também, ao Espírito Santo.

A revelação clara e inequívoca, as provas de existência de um só Deus e três pessoas divinas, co-eternas e co-criadoras, cada qual possuindo desde sempre a mesma natureza divina, porém distintas em suas relações e missões na história da salvação, o que chamamos de missões ad extra, na história do mundo e dos homens, são verdades indiscutíveis para todos os cristãos, incluídos os ortodoxos do Oriente e os protestantes do Ocidente.

Os kardecistas contestam a existência da Santíssima Trindade e a divindade de Cristo, contrariando a fé dos cristãos que têm essas verdades reveladas em várias passagens da Sagrada Escritura. Sobre o Espírito Santo, está claro para quem conhece a Bíblia que ele é igual ao Pai e ao Filho. Realizou no seio virginal de Maria de Nazaré o milagre da concepção do Filho de Deus. Esteve presente no batismo de Cristo. Foi prometido e enviado pelo Mestre, tornando-se a alma da Igreja e descendo sobre os Apóstolos.

Além disso, foi e continua sendo o primeiro protagonista e agente da evangelização: “Recebereis a força do Espírito Santo e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, na Samaria, até os confins do mundo” (At 1,8). As Cartas dos Apóstolos, principalmente as de Paulo, além de confirmarem essas verdades centrais do cristianismo, levaram os Padres do Concílio de Nicéia (século IV) e de Constantinopla (século V) a reafirmá-las, integrando-as no conhecido Credo Niceno-Constantinopolitano.

Ninguém é obrigado a crer, aceitar e viver em consonância com essas verdades do cristianismo. Mas quem as nega afasta-se da Palavra de Deus, optando por outra fé. É o que aconteceu com Allan Kardec no século XIX e os kardecistas dos nossos dias. Para eles, nada de Santíssima Trindade. Nada da divindade de Cristo, que não seria o Redentor de todos mas somente um “grande médium” entre outros. Pela reencarnação, cada qual vai se purificando e redimindo indefinidamente, por culpas e pecados que certamente não cometeu, o que contradiz a sabedoria, a misericórdia e a justiça divina.

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