Publicado: Domingo, 28 de janeiro de 2007
Criação de pássaros no Brasil
Nesse artigo de estréia gostaria de falar sobre aspectos gerais da criação de pássaros no Brasil. Ao longo de 7 anos estudei muito, errei bastante e aprendi com estes erros. Tenho uma grande lista de assuntos interessantes para escrever e gostaria de compartilhar com vocês este conhecimento.
No cenário nacional da criação de pássaros existem 5 personagens principais:
- Criador – O mais importante personagem. Preocupa-se com seleção genética e preservação. Em sua maioria investem maior parte de seu tempo e dinheiro na criação. Graças a estes abnegados hoje algumas espécies estão salvas da extinção pela reprodução em domesticidade. (Papagaios, araras, curiós, canários da terra, BICUDOS e tantos outros.)
- Passarinheiro – Aquele que tem pássaros de várias espécies, adquire seus pássaros dos criadores, participa ativamente de torneios e faz trocas com outros passarinheiros. Sua maior preocupação é com seu plantel e tenta de todas as formas ter os melhores pássaros possíveis.
- Roleiro – É o responsável por escoar a produção excedente dos criadores e disponibilizar pássaros de qualidade para os passarinheiros. É claro que com algum lucro.
- IBAMA – Responsável por regulamentar e fiscalizar as atividades de criação. Porém hoje em dia têm dificultado bastante a vida de quem quer criar com normas e regulamentações que não passam de burocracia.
- Traficante – É o responsável por capturar, transportar e vender pássaros silvestres. É um criminoso e se você conhece algum, denuncie!
Eu, particularmente, sou um criador, roleiro e passarinheiro. Gosto de criar e dedico grande parte de meu tempo na criação e aquisição de matrizes. Mas também participo de torneios e tenho tentado trazer bons bicudos para nossa região.
O IBAMA que deveria ser parceiro na preservação das espécies se esconde atrás de normativas e regulamentações que mais atrapalham do que outra coisa. Porém ainda é a lei e devemos respeitar.
Na minha opinião, a maior responsabilidade do IBAMA deveria ser a educação, criando uma nova consciência de preservação. Informando a população de como é possível manter pássaros nativos em ambiente doméstico. Mas talvez por falta de vontade ou por falta de efetivo, não conseguem fazer esta atividade.
Como o IBAMA não faz, vou tentar através desta coluna. Agora que você conhece os personagens principais, vamos conhecer um pouco mais sobre o personagem número 1, o criador.
Existem 3 categorias de criadores:
- Conservacionista – aquele que mantém pássaros que são apreendidos e não podem ser soltos por não serem mais selvagens ou por estarem debilitados demais para a soltura.
- Amador – Em geral tem pequenas criações e produzem menos de 50 filhotes por ano. Sua criação precisa ser regulamentada e ter um controle rigoroso. Só podem transferir pássaros para outros criadores amadores. Utilizam o SISPASS – Sistema de Cadastro de Criadores Amadoristas de Passeriformes, do IBAMA. Todas as transações são feitas pela Internet.
- Comercial – produz em grande quantidade e vende sua produção com Nota Fiscal. Qualquer pessoa pode adquirir pássaros de criadores comerciais.
Outra questão importante que deve ser tratada neste artigo inicial é sobre as nomenclaturas utilizadas na criação de passeriformes canoros.
Pássaros Silvestres – Como o nome indica são os selvagens. Que estão e devem continuar soltos. Não há preservação em capturar um pássaro silvestre, por melhores cuidados que dediquemos a eles. É totalmente errado chamar os pássaros criados em domesticidade de Silvestres.
Criação em cativeiro – Totalmente errado. O cativeiro traz uma conotação de seqüestro. Horrível. Criação em cativeiro é quando se captura pássaros silvestres e tenta-se criar nas gaiolas.
O correto é falar:
Pássaros Nativos criados em ambiente de doméstico. Portanto, sempre que ler ou ouvir daqui para frente pássaros Silvestres criados em cativeiro, fique atento. Ou alguém está se equivocando e merece uma instrução ou tem gente pegando passarinho solto e tentando criar.
Espero que gostem da seqüência de artigos que serão publicados nesta coluna, o próximo falará sobre a criação e a ética.
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