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Publicado: Sábado, 11 de outubro de 2014

Conto de duas cidades

... ou como diria Dickens, A tale of two cities.

Oi

Depois de pouco tempo, talvez ainda inspirada pelo início da primavera ou com a proximidade do Dia das Crianças, do Professor (hoje numa loja vi uma senhora dizer que estava procurando um presente para o dia do Mestre, para uma professora do seu netooooo) e do Médico, resolvi contar algumas experiências, até porque não foram totalmente paulistanas.

Mas começo pela minha cidade, de quem tão mal se falou nas redes sociais nesta semana que termina. Uma das coisas que andei fazendo por aqui foi andar de trem. É uma experiência. Há quem reclame das distâncias, mas não é nada além das caminhadas a que o metro de Paris obriga. Talvez o trem demore mais para aparecer, mas é um belíssimo meio de transporte, exceto pelo cheiro horrível do rio por cujas margens passamos. Para quem é de fora de São Paulo, não, não é um passeio como pelas margens do Sena ou mesmo em Praga... é o nosso bom e velho Pinheiros, em época de seca.

Seja como for, os bancos são bons para sentar quando se consegue lugar. Achei impagável o anúncio de quem tem direito a alguns dos assentos. Além da humilhante figurinha que representa os idosos, a das pessoas com necessidades especiais, grávidas e mães carregando bebes, aparece ESCRITO que há cadeiras especiais para pessoas com IMC acima de 40. Eu adoraria saber quem tem equipamentos suficientes para calcular o próprio IMC ou o do alheio, para reclamar...

Fui ainda assistir o espetáculo de Bibi Ferreira cantando Sinatra. Esta senhora tem mais de 90 anos, passa mais de 60 minutos em pé, consegui observar que ela usa salto (mais alto que o meu) e sua voz ainda está muito potente. Claro que para andar ela aceita ajuda...mas mesmo assim é inacreditável. Chamá-la de idosa é descabido. Antes que eu esqueça, os cílios postiços que ela usa são dos maiores que já vi...Claro que para conhecer e reconhecer o repertório desse show precisa ou ter mais que uma certa idade ou gostar de música de fora do seu tempo.... Ou seja, fiquei curiosa quanto a qual foi a quantidade de pessoas que não pagou meia entrada por ser considerado idoso...

Estive no Rio nesta semana. Aliás, numa outra cidade, chamada Barra. Que também é linda... O tempo que se leva entre a Barra e a Zona Sul é inacreditável. Não é o caso de falar mal só do trânsito de SP. E o medo que tive no taxi, que certamente dirigia “no ataque”...respirei fundo quando cheguei ao hotel.

Aprendi algumas coisas sobre o idioma brasileiro (não me atreveria a falar que se trata de português). Por exemplo, vi um anúncio de que frescobol e altinha só poderiam ser jogados na praia após as 17 horas. Frescobol é sinônimo aproximado de tênis de praia. Já altinha...tive que perguntar para um local, porque os demais forasteiros inventaram, inventaram e não chegaram ao que os nativos disseram: trata-se de um tipo de futebol (jogo com os pés), mas cujas bolas sempre devem ser jogadas para o alto...Se não for isso, por favor, aceito correções e retifico na próxima.

Claro que com aquele calçadão todo – e com bom tempo – valia a pena levantar mais cedo para andar. Mas para meu pasmo, o sol de antes das 07:00 queima...pelo menos alguém com a enorme quantidade de melanina que me caracteriza. Difícil perceber, mas voltei queimada...

Só que, calçadão afora, andando com calma – às vezes também no final do dia – fiquei chocada com o cheiro de fritura que vinha das barraquinhas. Num lugar conhecido pela saúde (ou pelo menos pela sua imagem), eu imaginaria que este não fosse o prato dominante. E de manhãzinha, além da água de coco, vi bastante gente tomando cerveja.

No calçadão cedinho vi algumas (poucas) pessoas com roupas “civis” algumas mulheres até de salto, andando. A maioria estava fazendo algum tipo de exercício. Vi algumas academias onde havia cadeiras de praia com vista para o mar (imagino que dependendo do horário, um ar condicionado não seja coisa de desprezar). Mas a cada poucos metros, a beira mar, via anúncios de personal training, de diversos tipos. Vi alguns colocando alunos para correr e fazer outros exercícios praia afora. Mas o que acabou comigo foi uma placa de surf-yoga. Não tive coragem de perguntar se eram duas aulas diferente ou se era yoga feito durante o surf. Fiquei com medo que o professor me oferecesse uma aula teste e eu...ficasse no mar para sempre.

Enfim, São Paulo é minha cidade, mas o Rio de Janeiro continua (muito) lindo.

Boa semana. Feliz dia da criança, do médico, do professor e até do dentista (que para quem não sabe, é uma semana depois do dia do médico aqui no Brasil)

Muitos beijos

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