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Publicado: Domingo, 13 de setembro de 2009

Conhecendo o Garcia

“Boa noite”, diz o apresentador do telejornal. E logo em seguida começa a desfiar as manchetes. Os telespectadores acompanham as notícias e no final se despedem do jornalista para acompanhar outro programa de televisão. É assim que podemos resumir a relação diária entre um apresentador de telejornal e seu público.

Atuando como jornalista, é natural que eu me interesse mais que a média da população acerca dos bastidores da notícia. Principalmente sobre como as grandes figuras do jornalismo chegaram onde estão. Pode-se aprender muito com suas histórias e assim adquirir alguma experiência.

Um jornalista que conheci recentemente foi Alexandre Garcia. Não que eu o tenha conhecido pessoalmente, mas o conheci bem melhor através de seu livro “Nos Bastidores da Notícia”. Até então eu só lembrava daqueles cômicos flagrantes feitos por ele no Congresso Nacional e exibidos no Fantástico por alguns anos.

Nascido na cidade gaúcha de Cachoeira do Sul, Garcia é formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Teve experiências em pequenas emissoras de rádio e trabalhou muitos anos como correspondente do Jornal do Brasil, vendo de perto grandes fatos históricos da Argentina, de Israel, da Europa e da África.

Após muitos anos como correspondente internacional, passou a cobrir o cotidiano da política em Brasília (DF) e chegou a ser porta-voz da Presidência da República do governo João Figueiredo. Trabalhou na revista Manchete e participou ativamente da criação da emissora de televisão com o mesmo nome.

A partir de sua atuação na Rede Globo é que passou a ficar mais conhecido do público brasileiro. Hoje ainda pode ser visto no Bom Dia Brasil, logo de manhãzinha, ou na bancada do Jornal Nacional em algumas raras ocasiões. Também tem artigos publicados em dezenas de jornais e revistas de todo o país.

Cobriu três guerras e recebeu da Rainha Elisabeth II a Ordem do Império Britânico. Na terra pátria, foi condecorado 14 vezes. Seus livros venderam mais de 50 mil exemplares e entre outros, recebeu o título de cidadão brasiliense por reconhecimento de seu trabalho e amor à cidade na qual vive até hoje.

Chega a ser engraçado como um livro pode servir para aproximar as pessoas. Tenho certeza absoluta de que Alexandre Garcia jamais ouviu falar na minha pessoa. Entretanto, sinto como se o conhecesse igual a um tio distante. Através de seus relatos, pude acompanhar as peripécias de um jovem repórter em seus primeiros anos de trabalho, nos difíceis tempos da ditadura militar.

Tive uma ligeira impressão do que é ser jornalista em um campo de guerra, pensando em buscar a informação em meio a tiros e explosões, sob o risco de que o custo da matéria possa ser a sua própria vida. Fui colocado nos bastidores da notícia, em meio aos telefonemas sigilosos dos gabinetes do Palácio do Planalto. Todas essas coisas acompanhado por Alexandre Garcia, que assim partilhou suas experiências.

Percebe-se que é um jornalista pautado pela ética e consciente do papel que desempenha junto à sociedade. Não apenas um informador, mas um formador de opinião. Alguém que se preocupa realmente com a evolução deste nosso país, com o futuro das nossas famílias, com o progresso real da nossa sociedade, seja econômica ou moralmente falando.

Quando vir Alexandre Garcia na telinha da sua televisão você certamente irá se lembrar que, além daquele simples “boa noite”, existe o cidadão e o jornalista, um profissional completo.

Amém.

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