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Publicado: Sexta-feira, 12 de julho de 2013

Como fazer negócios no mundo

Como fazer negócios no mundo

Durante recente mostra de arte em Qatar intitulada As Olimpíadas, Passado e Presente, estátuas gregas antigas foram enviadas a Doha, entre elas dois nus artísticos. Em choque com a cultura local, a exibição provocou comoção. Para contornar, a solução foi esconder ambas as esculturas ofensivas atrás de uma tela preta, permitindo apenas uma visão restrita das silhuetas.

Por mútuo acordo, as obras foram devolvidas ao Museu Nacional de Arqueologia da Grécia. Na Arábia Saudita, teria sido pior. Bem mais rigorosa no cumprimento dos preceitos islâmicos, o país não tolera uma mulher andar em público se não estiver coberta com um manto e véu negro. Isto obriga a maioria das aéreas que voam para lá levar a bordo alguns desses trajes, sob o risco de serem multadas e as passageiras não desembarcarem.

Não vestir-se adequadamente, assim como bater de frente com hábitos, costumes e ritos diferentes, não é uma preocupação apenas em algumas regiões do planeta. Esta dificuldade do estrangeiro pode acontecer em qualquer lugar, e demonstra a complexidade enfrentada, principalmente para quem viaja a trabalho e não quer arruinar negócios ou ofender pessoas por desconhecimento do código cultural ou religioso do país.

Gafes em relação a presentes inadequados são comuns até em culturas liberais como a norte-americana. Ninguém soube o que fazer com o bebê elefante que o presidente Ronald Reagan ganhou de seu colega do Sri Lanka em 1984. Foi preciso enfrentar uma enxurrada burocrática e quarentena até o paquiderme achar seu lar em um zoológico local.

Todas culturas têm tabus. Assim, é péssima ideia oferecer alimentos à base de porco para habitantes do Oriente Médio, ou carne de boi ou objetos de couro para hindus. Pega mal dar bebidas alcoólicas a um mórmon. Entregar uma faca em alguns países da América Latina significa romper relações. Flores brancas para asiáticos se associa a funerais. Em muitas partes, a mão esquerda é considerada suja – pobres canhotos! Por isto, deve ser evitada para comer, entregar cartões de visitas ou tocar em alguém. À mesa nas refeições, colocar as mãos sobre o colo incomoda franceses e alemães.

Foi para contornar esta batalha ingrata contra rituais estranhos, e que ganhou relevância com a economia globalizada, que Terri Morrison se especializou em comunicações interculturais. Ela escreveu nove livros sobre o assunto, dos quais se destaca Kiss, Bow our Shake Ends (em português, seria algo como "Beijo, Inclinação ou Aperto de Mão").

Trata-se de um guia para fazer negócios em mais de 60 países, com a avaliação de cada cultura, dicas, protocolos e estratégias para negociação. "O sucesso da interação intercultural depende não só de você, mas também da qualidade da informação obtida", diz a palestrante e consultora em hotelaria, turismo, universidades e multinacionais.


*Este texto foi publicado originalmente na coluna Viagens de Negócio, de Fábio Steinberg, no dia 10 de julho de 2013, no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo.

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