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Publicado: Sábado, 25 de fevereiro de 2012

Como escolher um bom prefeito

Como escolher um bom prefeito
"(...) temos 2 opções: se resignar ou se indignar"

Guardo até hoje as palavras de Gilberto Dimesntein publicadas há bastante tempo em um dos seus artigos, num jornal de grande circulação nacional. Como a memória humana só armazena informações necessárias, concluo, lamentavelmente, que apesar do tempo suas palavras ainda me servem, sobretudo e porque, como disse Darcy Ribeiro, "existem duas opções na vida: se resignar ou se indignar, e eu não vou me resignar, nunca”. 

Por isso escrevo, aliás, a indignação é um forte estimulo às minhas conversas entrelinhas. Quando fico em paz, as palavras vão embora e o silêncio me permite relaxar a vida. Então, fica a dica aos leitores: período de abstinência de palavras é igual à calmaria, paz de espírito e alegria na alma. 

Porém, não é esse o sentimento atual: as palavras voltaram. E compartilham do motivo que levou Dimesntein a escrever: naquela época, suas palavras diziam dos critérios de medida para a escolha de um bom candidato a prefeito. Como de lá prá cá pouca coisa mudou nos arranjos políticos partidários deste Brasil, vale relembrá-las. A esperança é que essa mensagem chegue mais longe... E nos ajude nesta nossa cíclica responsabilidade cívica de eleger um prefeito municipal. 

De forma clara e direta, um candidato sério e capaz precisa dizer quanto vai gastar para melhorar a educação do seu município. Relacionar o número de creches e escolas a serem reformadas ou construídas, apresentar programa de valorização profissional e, ainda, estratégias para o alcance do alto desempenho da aprendizagem de todos os alunos. 

É claro que as outras áreas não podem ser esquecidas, mas a Educação, principalmente dos pequenos cidadãos, tem que ser prioridade. A infância é o período de maior importância no desenvolvimento da inteligência humana. Educadores do mundo todo nos alertam sobre as benesses de uma infância vivida em um ambiente rico de estimulação integral.   

Recentemente, um estudo americano revelou em porcentagem que a maioria dos autores de homicídios e violências criminais viveu uma infância negligenciada: ou foram crianças abandonados pela família, ou excluídas de escolas ou então, e ainda, criadas em situações de total desajuste emocional. 

Assim, insisto e não desisto do discurso.  O nosso desejo é que a Educação se transforme num grande projeto de Estado, deixando de atender interesses governamentais. Enquanto isso não é possível, quem sabe apelos como esse possam chamar a consciência dos eleitores para a importância da escolha de um bom prefeito. Investimentos aparentes, que mascaram a ausência de um projeto educacional com doações de materiais escolares e uniformes já não são mais “engolidos” pelos cidadãos. 

Precisamos de políticas educacionais voltadas ao aprendizado dos alunos, preocupadas com a formação de personalidades humanas que se apropriem da cultura em seu sentido amplo e que saibam conviver com a subjetividade do outro, como nos ensina Vitor Paro, professor titular da Faculdade de Educação da USP. 

Não são poucas as experiências exitosas, pelo Brasil afora, centradas no alto desempenho educacional em espaços inovadores. São boas respostas ao "absurdo de  que hoje, com todo o desenvolvimento da Ciência, se faça o que se fazia há 200 anos: confinar crianças em um espaço restrito e imutável como a sala de aula.” 

Com vontade política, necessidade de mudança e participação ativa da sociedade é possível, sim, transformar esse cenário. E talvez, o primeiro passo esteja em nossas mãos, ou melhor, nas urnas. 

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