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Publicado: Terça-feira, 15 de novembro de 2011

Colocando os Pingos nos "Is"

Há tanta coisa de errado neste mundo fútil, despido das noções fundamentais dos principais valores a serem perseguidos, que nos sentimos na obrigação urgente de relembrar corretos e tradicionais ensinamentos, capazes de ajudar as pessoas a “tirarem os pés” do lodo das desinformações reinantes.

Não vamos detalhar muito, dado a limitação do espaço, mas nos conceitos errados de indivíduo, sociedade, povo, deparamos com uma das principais deformações impeditivas de vida plena de felicidade e paz. O que pretendia escrever já o fiz por diversas vezes, a última há mais de três anos (maio de 2008) que, ao meu ver, merece ser relido e transcrito ipsis litteris:

“Nascemos e morremos indivíduos. Ninguém vai à maternidade para visitar “a nova sociedade” que nasceu. O povo também não nasce e não morre como os indivíduos. Nunca se ouviu dizer que alguém tenha ido ao enterro de “um povo”. Precisamos, pois, clarear as idéias e deixarmos de ser apologistas da sociedade e do povo. Necessitamos, com urgência, redescobrir o indivíduo, porque é a base de tudo: a célula, o átomo, o embrião, a origem.

“Nosce te ipsum”, conhece-te a ti mesmo, sugerido por Sócrates uns 600 anos antes de Cristo, sempre foi importante, mas se encontra atualíssimo, porque hoje poucos conhecem alguém e menos ainda a si próprio.A agitação da vida moderna, o consumismo exagerado, o domínio da máquina, o lazer infrutífero e banal, a deteriorização da racionalidade e consequentemente da religião, tornaram o homem um mecânico, o protótipo dos robôs, um “software” de computadores.

O indivíduo desapareceu nessa massa cósmica incongruente, surgindo a sociedade, o povo despersonalizado e amorfo. Elocubradores espertos, prestidigitadores da escrita e da palavra, corporificaram a sociedade e o povo como entidades máximas, a quem – o desprezível e ignoto indivíduo -, se subsume como única esperança da salvação próxima e glória da coletividade.

Essas inclinações para a supervalorização do conglomerado social motivaram a falsa tese do igualitarismo, ou seja, que todos somos iguais, inclusive quanto à posse ou propriedade dos bens materiais. É a doutrina comunista, em explicação simples, que não pôde vingar, mas que ainda procura sobreviver graças aos seus fiéis e abnegados propugnadores. 

“O indivíduo reduzido a pó de traque, amordaçado e subjugado pelos “guardiões do povo” e da coletividade,” come o pão que o diabo amassou”, porque, desconhecendo-se a si mesmo, não percebe as potencialidades que traz em seu íntimo e que o pode elevar às alturas de uma existência com ideal elevado, própria de seres racionais, criados para vida feliz e maravilhosa. Precisamos colocar as coisas em seus devidos lugares: o indivíduo é anterior à sociedade, criada por ele para servir e facilitar a vida em agrupamentos, pequenos ou grandes.

A sociedade não pode ser considerada como “ente de carne e osso”, pois é abstrata como o “povo” e ambos – sociedade e povo -, só têm utilidades e merecem respeito quando valorizam o indivíduo, principalmente socorrendo-o nas necessidades e deficiências.

O “nosce te ipsum” precisa ser relembrado, estudado e meditado com freqüência, porque, do conhecimento próprio – principalmente das falhas e defeitos -, é que poderão sair as correções e, como isso, o aperfeiçoamento, meta primária ou primordial de todo ser humano.”

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