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Publicado: Terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Coisas da vida, de novo

Coisas da vida, de novo
É o jogo da vida revelando a nossa história...

Recentemente uma amiga me disse que as lições de vida não pulam as casas. E que mais cedo ou mais tarde todas as famílias passarão por um problema ou outro, recebendo o recado de que somos todos iguais. 

Esse comentário me fez lembrar as conversas das mães na porta da escola infantil.  Pais de filhos pequenos são inexperientes: geralmente enganados pelo sentimento de unidade. Ou seja, nessa fase acreditamos que os nossos filhos são únicos, gênios, santos e melhores do que os outros. Francamente, todos nós já pensamos assim um dia: doce ilusão.  

É fato que as crianças são diferentes e que a educação dos pais influencia, e muito, o comportamento dos pequenos herdeiros. Até certa idade, inclusive, podemos manter uma boa dose de controle.  Mas na medida em que os filhos crescem, crescem também as possibilidades de comportamentos variados e dentro da normalidade é muito comum que os filhos optem pelo caminho oposto ao indicado e desejado pelos pais.    

A ilusão paterna é natural. Tão natural, que há pouco tempo um famoso cantor anunciou a sua publicamente. Ao dizer que não permitirá que seus filhos conheçam a mãe biológica, Ricky Martin cometeu a mesma bobagem de todos: imaginar-se capaz de controlar o incontrolável. 

Os filhos não são controláveis. E por mais que a idéia nos incomode, não podemos viver a vida deles, muito menos transferir desejos ou frustrações.    

Ainda bem que o crescimento dos filhos nos permite compreender que o desenvolvimento físico e emocional da nossa espécie é muito parecido. E que estamos todos no mesmo barco. Da freira à prostituta; do executivo ao lixeiro, de um jeito ou de outro, todos nós passamos um bom tempo da vida buscando explicação e sentido para a complexa existência humana. 

E o mais irônico é que essa compreensão é única: depende da vivência pessoal; da velha e famosa conhecida experiência. Quem nunca cometeu um erro apesar do alerta antecipado? Isso também explica a sensação, em muitas ocasiões, de que os filhos estão repetindo a nossa história; fazendo as mesmas bobagens que fizemos um dia... 

É o jogo da vida: precisamos sentir na pele, arriscando a alma se for preciso, a autoria da nossa história. 

E se existe algo a aprender na incansável busca de autoria; sentido e paz de espírito, talvez seja  a importância do uso da reflexão neste louco jogo da vida. Acredito fortemente que devemos combater a experiência pela experiência, que parece mais um “piloto automático” programado prá acordar, comer, trabalhar e dormir, num ritmo compasso do “faço porque todo mundo faz”; “faço porque sempre foi assim”. Só a experiência refletida pode nos permitir únicos e iguais em vidas tão diferentes.

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