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Publicado: Domingo, 14 de novembro de 2010

Choram Marias e Clarices

O Brasil tem sido uma pátria nada gentil com seus filhos que têm a infelicidade de precisar estudar na escola pública.

A nossa imprensa, o quarto poder, se empenha em demonizar os alunos e endeusar as professoras de um modo pedófobo e que não dá para entender.

Temos um país com chuva de leis e seca de justiça, quando o aluno de escola pública está envolvido.

Os apresentadores de programas policiais pedem raivosamente uma pena dura, parecem babar um ódio insano quando uma criança e adolescente é envolvido em um crime.

As notícias envolvendo aluno de escola pública só têm um lado: o dos profissionais de educação.

Fica a mensagem simplista: “aluno de escola pública, calado e quietinho, já está errado”.

Essas mensagens pedófobas partem de pessoas que deveriam ser esclarecidas. São jornalistas, o quarto poder, responsáveis pela nobre função de informar, são formadores de opinião.

Toda vez (mas toda vez mesmo) que vamos ver o outro lado, é um aluno que revida a agressão e se transforma em perigoso bandido, que ataca uma professorinha indefesa.

O aluno que foi obrigado a engolir uma bolinha de papel como castigo por ter esquecido um caderno em casa. Piora mais, quando a mãe relata que foi reclamar e a direção da escola declara que ela devia desistir, porque o aluno não tinha mais jeito. Isso em se tratando de uma criança de oito anos.

Debocham do Estatuto da Criança e do Adolescente, ignoram os direitos e usam e abusam dos deveres listados no ECA.

Escolas públicas violam a Constituição Federal do modo mais escancarado possível.

Impedem o aluno de entrar na escola se não estiver uniformizado, numa flagrante violação das leis.
Tão certos de que nunca serão punidos, colocam essas violações em Regimentos Internos da escola. Expulsam aluno ou os transferem compulsoriamente e colocam em atas, desafiam a lei de modo cruel e insano.

Este ano, em São Paulo, as escolas esvaziaram. No ano que vem, ou teremos que fechar milhares de escolas ou os alunos fantasmas serão matriculados outra vez.

Não temos alunos bonzinhos, robozinhos, sem opinião e sem problema ou sem defeitos para encher as escolas.

Temos uma escola onde violam a lei e uma legião de pais desesperados e tontos, chamados incessantemente nas escolas para ouvir as professoras falarem mal de seus filhos.

Vem, para completar, uma doutora psiquiátrica, Ana Beatriz Barbosa Silva, e declara que as crianças mostram sinal de psicopatia aos oito meses de idade…

Nessa declaração já decreta a pena de morte para milhares de alunos.

As escolas baseadas nisso, poderão expulsar aluno na creche. Um psicopata pode atacar outro bebê de oito meses ou oferecer alto risco para as tias da creche.

Que se pode esperar de um país antropófago que tenta devorar suas crias?

Lembrar com muita tristeza e repetir o refrão da velha música penalizada com o sofrimento das mães.

“Choram Marias e Clarices, no solo do Brasil, Meu Brasil!!!”
 

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