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Publicado: Terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Chá das cinco

Chá  das cinco

Certa vez participei como convidada de um amigo acadêmico a uma reunião da Academia Brasileira de Letras em São Paulo.

Suas reuniões aconteciam no Terraço Itália. Gente importante, erudita. Os acadêmicos presentes de várias cidades do Estado com vistosas joias, com seus longos vestidos; eles de Black-tie. Tudo em grande estilo. Um bom número de pessoas tomou a Academia Brasileira de Letras para a posse de mais um novo imortal.

Logo mais foi servido o tradicional Chá das cinco com mesas ricamente decoradas com apetitosos petiscos. Já instalada no meu acento à mesa, observei que a cabeceira (sempre disputada), pelas personalidades, continuava vazia. Explicou meu amigo sentado ao meu lado “No capítulo das lendas, existe uma Cadeira, não almejada por nenhuma celebridade, na mesa do Chá, é a da  cabeceira, nela Guimarães Rosa teria sentado dias antes de morrer.

Guimarães Rosa foi um dos mais importantes escritores brasileiros. Sua obra prima: “Grandes sertões veredas”. Falecido no ano de 1934.

A ABL, de fato, preza suas tradições e lendas.

A reunião protocolar com a posse de  um novo membro ocorreu com um cerimonial muito bem conduzido e elaborado. Todavia, confesso que à mesa do tradicional Chá das cinco me empolgou com poetas e poetizas lançando seus mais recentes trabalhos, onde se misturavam sonhos, ficção e realidade.

Tudo numa perfeita ordem, durante o chá, quem se sentia à vontade se levantava da cadeira: declamava, cantava, mencionava presenças ilustres...

Poetas e prosadores  expressaram o calor de sua imaginação, mostrando com sua leveza, encher momentos de agradável prazer literário.

Tudo me  deslumbrava e emocionava.

O tempo rodou num instante nas voltas do meu pensamento.

Meu Deus, eu aqui? 

Desfrutando deste convívio de mentes brilhantes?

Sentia uma alegria sem par, por  estar desfrutando desse momento  em meio a tão nobres acadêmicos, existências carregadas de poesia.

Lembro aqui uma frase de Guimarães Rosa: “Saber encontrar a alegria na alegria dos outros, é o segredo da felicidade”.

Enfim, “Só Deus é capaz de definir e a literatura registrar”.

Ditinha Schanoski

Acadêmica ocupa a Cadeira nº 19 – Patrono Professor Benedito Motta Navarro.

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