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Publicado: Domingo, 12 de novembro de 2017

Cenário e Variáveis Econômicas-Análise Conjuntural

Caros leitores, a ata da reunião desta semana do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) indicou que a inflação segue favorável e a elevada ociosidade da economia tende a mantê-la compatível com a meta no horizonte relevante da política monetária. Isto posto, justifica-se o corte para 7,5% e o BC indica que deverá cortar adicionalmente os juros em sua próxima reunião. O BC manteve a porta aberta para cortes em 2018 dependendo da evolução do dos riscos. O principal risco para o Copom é uma elevação dos juros nos EUA em um ambiente de frustração com as expectativas de reformas no Brasil. Mantém-se o cenário de Selic, com queda até 6,75% em fevereiro do próximo ano, e alta probabilidade de manutenção nesse patamar ao longo de 2018.

No que se trata de mercado e atividade, informo que as vendas reais dos supermercados apresentaram alta de 1,3% na passagem de agosto para setembro, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). De acordo com o índice Nacional de Expectativa do Consumidor avançou 2,7 pontos entre setembro e outubro, alcançando 101,2 pontos (CNI). Também observamos que os índices de confiança da indústria e de serviços registraram alta em outubro, de acordo com a FGV.

Nesta mesma linha, o IBGE indica a continuidade do processo de recuperação do mercado de trabalho com a taxa de desemprego caindo, impulsionada pelo crescimento do emprego por conta própria. A população ocupada continuou mostrando recuperação, ao subir 1,6% na comparação interanual, após alta de 1,0% em agosto.

No mesmo sentido, a População Economicamente Ativa (PEA) apresentou crescimento interanual de 2,4%, após subir 2,0% no mês anterior. Isso favorece para que a expectativa de recuperação do consumo ao longo dos próximos meses se concretiza. No que se trata do Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista, o mesmo mostrou alta de 0,2% entre agosto e setembro, descontados os efeitos sazonais, de acordo a Fiesp/Ciesp. Já o consumo de energia elétrica somou 37.583 GWh em agosto de acordo com os dados divulgados ontem pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) decorrente da elevação em todos os setores, refletindo a retomada da atividade econômica.

O Índice de Confiança Empresarial subiu 2,6 pontos para 90,3 pontos entre setembro e outubro (FGV), refletindo o comportamento do componente de situação atual e o de expectativas, demonstrando a expectativa de uma aceleração do crescimento do PIB no ultimo trimestre. A produção industrial cresceu 0,2% entre agosto e setembro, descontados os efeitos sazonais, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada pelo IBGE com recuo nas produções de bens de consumo e de bens de capital que recuaram 0,7% e 0,3%, respectivamente. Apesar disso, o cenário é de melhora gradual da produção industrial ao longo dos próximos meses, impulsionada pela retomada do consumo das famílias e pela redução da taxa de juros.

Os emplacamentos de veículos, excluindo máquinas agrícolas e implementos rodoviários, somaram 271.095 unidades em outubro, segundo os dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), alinhados com a previsão de recuperação gradual do setor automotivo. Ademais, o crescimento da venda de caminhões corrobora com a retomada do investimento.

No que tange a inflação, o IC-Br, indicador que mensura o preço das commodities em reais, subiu 2,5% em outubro, intensificando a alta de 1,1% do mês anterior, de acordo com o Banco Central, devido a alta dos preços de commodities agrícolas e metálicas. O IGP-DI subiu 0,10% em outubro, de acordo com os dados divulgados pela FGV, em linha com a projeção. O recuo em relação a setembro, quando o índice avançou 0,62%, foi explicado pelos preços de produtos industriais no atacado, que passaram de uma alta de 1,05% para uma deflação de 0,16%, refletindo o recuo do preço do minério de ferro. No mesmo sentido, o IPA agropecuário passou de uma alta de 0,75% para outra de 0,37% neste mês. O IPC, por sua vez, subiu 0,33% no período, após mostrar queda de 0,02% no mês passado. Já o INCC passou de uma elevação de 0,06% para outra de 0,31%. Com esse resultado, o IGP-M acumulou deflação de 1,1% nos últimos doze meses, ante recuo de 1,6% na leitura anterior.

O IPC-Fipe subiu 0,32% em outubro, conforme projeção mas acima das expectativas do mercado, aceleração esta motivada pelos preços de alimentos, que passaram de uma queda de 0,8% para uma alta de 0,9%. No mesmo sentido, os preços de vestuário avançaram 0,2% e os preços de habitação recuaram 0,15% no período. Com isso, o IPC total acumulou alta de 2,3% base doze meses.

Como podemos perceber, os sinais de retomada da atividade vão se consolidando, reforçando cenário da aceleração da atividade econômica. Os índices de confiança da indústria e de serviços mostraram crescimento entre os segmentos, sinalizando continuidade do dinamismo da atividade e alta do investimento. Projeta-se alta de 0,5% do PIB neste trimestre e de 2,8% em 2018.

Contudo, há riscos inerentes a inflação, mas ainda o cenário continua benigno. Como fatores de pressão da inflação cito aumento das tarifas de energia e aumento dos riscos climáticos e dos preços de combustíveis. De momento, a inflação corrente segue controlada. Isto posto, adiciono o fato da existência de um vetor de descompressão da inflação ligado à variável salários implicando redução de ociosidade da economia e menor inércia inflacionária.

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