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Publicado: Segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Casa dos horrores ou unidade educacional?

O Secretário de Educação teve uma decisão acertada. Para resolver os problemas crônicos de falta de professores, baixou uma portaria permitindo que professores de faculdade poderiam dar aula com contrato de temporários ou eventuais.

Nem sei como estão as escolas do interior nesse quesito, principalmente de Itu, mas em São Paulo a situação está crítica mesmo. Tem escola que estão sem cinco ou seis professores desde o começo do ano.

Não contava o Secretário com a resistência das Diretorias de Ensino. Aqui acompanhamos de perto a Diretoria de Ensino Centro Oeste.

O caos. A confusão completa e a resistência em admitir o cadastro de um professor de SOCIOLOGIA, matéria que o Secretário Paulo Renato declarou que tem menos professores.

O professor de SOCIOLOGIA teve que ir à Diretoria umas cinco vezes e conversou com o Dirigente tendo na mão a portaria . Conseguiu na marra a inscrição e o boicote veio na atribuição das aulas.

As vagas para ministrar aula de Sociologia sumiram, misteriosamente.

Candidatou-se, então, para dar aulas na Fundação Casa. Não foi aceito também.

A Fundação Casa é cana dura, todos sabemos disso. O adolescente fica privado de liberdade, mas é considerada unidade escolar. Como se entende uma escola sem professores?

A Unidade Leopoldina está sem professor de português desde junho, e o professor de SOCIOLOGIA tem experiência comprovada na carteira. É também coordenador do Projeto Batukai, projeto que dá reforço escolar na Comunidade Jaqueline. Reforço escolar e aula de percussão.

A Diretoria de Ensino Centro Oeste não aceita o professor, e quando pressionada joga para a Diretoria de Ensino. Um jogo de empurra empurra.

O caso foi protocolado no Ministério Público dos Interesses Difusos e Coletivos da Cidadania.

A questão é essa. Retira adolescente da rua e coloca na Fundação Casa, uma unidade educacional sem professor.

Lembra aquela musiquinha? “Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada”. (A Casa, Vinícius de Morais).

No caso da Fundação Casa, ela é uma “unidade educacional” que não aceita professor nem credenciado, a menos que seja recomendado pelas Diretorias de Ensino correspondentes, no caso a Diretoria de Ensino Centro Oeste.

Só que a falta de professor na fundação CASA não tem graça nenhuma. Ele não recupera os adolescentes confinados e o trouxa do contribuinte ainda paga a conta.

Adolescente pobre já nasce com  três vagas garantidas: uma na Fundação Casa; outra na penitenciária; e outra na vala comum dos cemitérios públicos.

Voltamos a palavra para o Secretário de Educação de São Paulo, legalmente responsável pela educação da Fundação Casa. Com a palavra a Secretaria de Justiça, responsável pelo regimento e andamento da Fundação Casa, um nome bonito, mas é a casa dos horrores mesmo...

Segunda feira, dia 26 de julho, tem novas atribuições de saldo de aula. Mas, segundo a diretora da Escola Estadual Alvez Cruz, a atribuição de aulas será as oito da manhã, mas só para professora concursada.

Se já tinha professora concursada sem aula, porque o Secretário de Educação de São Paulo baixou uma portaria autorizando contratação de estudantes - em caráter excepcional - para suprir as aulas vagas?

Tanta coisa para explicar.

Exigimos explicações como cidadãos, como contribuintes e também como eleitores, já que este é um ano eleitoral.

Esperamos que as autoridades façam as devidas explicações ao povo paulista, esclarecendo como é possível faltar professor em sala de aula ao mesmo tempo em que tem uma lista enorme com professores cadastrados esperando para assumir classes e dar aulas.

A gente só quer entender....

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