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Publicado: Segunda-feira, 2 de setembro de 2002

CAPITALISMO SELVAGEM

Duas pesquisas recentes mostram como esta cada vez mais difícil separar o abismo entre ricos e pobres em todo mundo.
   Isso reflete na economia mundial, porque os países desenvolvidos ou os mais ricos não tem mais como crescer (consumir) ao passo que 2/3 do mundo estão havidos por consumir, não por luxo, mas por necessidade. Ë um paradoxo do capitalismo selvagem, pois, querem proteger suas economias dos países subdesenvolvidos, erguendo barreiras protecionistas para aqueles que só exportam commodities de baixo valor agregado e não
   tem como pagar sua divida externa (com esses países), e interna (com sua população).
   A ONU (Organização das Nações Unidas) afirma que a miséria deve piorar nos países mais pobres do mundo se o investimento econômico não se
   tornar sua maior prioridade e os Estados ricos não aumentarem dramaticamente o auxilio a eles.
   Se as tendências atuais se mantiverem o número de pessoas vivendo com menos de US$ 1 por dia nos 49 paises mais pobres do mundo deve aumentar
   em 30% até 2015 atingindo cerca de 420 milhões de pessoas.
   Outra pesquisa realizada na cidade de São Paulo, mostra como vive a população da mais cosmopolita e rica cidade do país em seus 96 distritos, comparando com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humana) indicador usado pela ONU, para medir a qualidade de vida em vários paises.
   Em apenas 6 distritos, onde vivem 3,46% da população, são registrados índices acima de 0,8 (seria a região Européia).
   Em 38 distritos, onde vivem 55,38% da população, os indicadores ficam abaixo de 0,5 (seria a região africana).
   Veja como ficou dividida a cidade de São Paulo, após a pesquisa:
   Região Européia - 3,46% da população - padrão ótimo
   Região Asiática - 10,07% da população - padrão bom
   Região Indiana - 31,10% da população - padrão regular
   Região Africana - 55,38% da população - padrão péssimo
   
   Isto serve para lembrar que o Brasil ocupa a 73a. Colocação no ranking do IDH (índice de Desenvolvimento Humano) da ONU, e estamos em 4º lugar no quesito concentração de renda, atrás apenas de três pequenos paises africanos. Este ano o suíço Jean Ziegler, relator especial da ONU sobre
   o Direito à Alimentação, disse que há uma guerra no Brasil. São 40 mil assassinatos por ano. Há uma guerra social aqui, pois, para a ONU, 15
   mil mortos por ano são indicador de guerra. Segundo D. Mauro Morelli, membro da coordenação do Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e
   Nutricional, há 55 milhões de pessoas sub alimentadas no pais, ou passando fome.
   Isto além de nos envergonhar como nação mostra o problema que o próximo presidente terá para resolver.
   Se conseguir distribuir a renda no pais, temos uma população de mais de 70 milhões de pessoas prontas para consumir e que hoje vivem abaixo da
   linha de pobreza.
   Por isso hoje existe no Brasil excesso de oferta de linhas telefônicas, carros entupindo o pátio das montadoras, etc.
   Se o próximo presidente fizer essa redistribuição de renda, terá comprado uma briga com setores influentes do país, que aplicam seus
   lucros no exterior, em paraísos fiscais, mas conseguirá, além de melhorar o IDH, acabar com vários problemas, como a violência, desemprego, desigualdade social e reativara a economia gerando mais consumidores, arrecadara mais e se reelegera com certeza daqui a quatro anos, é só não se curvar para os donos do poder que mandam no país e não
   querem nenhum tipo de mudanças.
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