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Publicado: Quarta-feira, 6 de abril de 2011

Buscar a harmonia!

 

Embora necessário, nem sempre é fácil estar de bem com a vida, isto é, de bem consigo mesmo, com os outros e com Deus.

Estar de bem consigo mesmo requer que nos conheçamos, nos aceitemos e nos valorizemos; que sejamos um todo: corpo, mente e espírito. E que essas três partes vivam em harmonia. Todas elas requerem cuidados. Alimentação saudável, atividades físicas podem garantir um corpo são; igualmente, uma mente sã requer formação, educação, orientação moral e psicológica; não fica atrás a nossa dimensão espiritual que precisa ser alimentada, estimulada, educada, para que tenha valor e seja também sadia, forte.

Temos uma racionalidade. Não somos seres isolados, não fomos criados para o fechamento; somos seres em relação, por isso não conseguimos ser felizes sozinhos. Precisamos nos abrir aos outros, numa relação de ajudar e de precisar. Precisamos ser amados, precisamos amar... Assim, nossa mente, nossa inteligência nos ajuda a viver no mundo, a estar em harmonia com ele.

Finalmente, abrigamos em nós o Espírito Santo. Temos uma alma espiritual, que nos garante a vida eterna. É a nossa ligação, o nosso vínculo com o Criador. Só ter religião não basta; só acreditar em Deus não basta; é necessário colocar isso na vida...

Acabar com a guerra, com o terrorismo, com os homicídios e outras barbaridades é algo que deveria mobilizar seriamente a humanidade; isso é o mínimo que deveria acontecer para que o ser humano começasse a conquistar seu status de criatura racional, humana e divina...

Seria realmente muito bom viver nesse “novo mundo”, mas ainda assim a paz verdadeira, plena e universal não estaria garantida, porque ela depende de uma perfeita harmonia entre o homem e o resto da criação.

A propósito, a Campanha da Fraternidade adverte: “A criação geme em dores do parto”. De fato, cada dia mais o homem se esquece dos compromissos que tem para com o mundo criado por Deus. Um mundo criado para ser explorado, mas respeitado, com recursos suficientes para todos, em todos os tempos.

Entretanto, graças ao egoísmo e ao imediatismo que toma conta do homem, este vem usando o meio ambiente de maneira irracional, desequilibrada, predatória, provocando grandes estragos, muitos deles irreversíveis e de consequências graves, pondo em risco a vida no planeta. Apenas para exemplificar: o nosso país já conta com apenas 7% das matas originais, com grande parte dos nossos rios e oceanos severamente poluídos, espécies extintas e ameaçadas. As explorações dos recursos naturais seguem os impulsos frenéticos do crescimento e ultrapassam as reais necessidades tanto em velocidade como em quantidade. São nítidos os excessos, motivados pela ânsia do lucro que é alimentado pelo consumo cada dia mais estimulado. Perde-se a consciência de que o planeta é de todos e deve ser preservado para durar e ser saudável para as gerações futuras.

Embora se fale muito em crescimento sustentável, responsável, na prática isso tem sido desprezado ou postergado.

Lembramos aqui as palavras do Pe. Odilon Ramos: “A crise do meio ambiente reflete certa crise dos próprios seres humanos. Logo, não se pode menosprezar uma teologia que coloque a questão ecológica em debate. Em grego, "ecologia" significa "doutrina da Casa". E onde mora a Criação, habita Deus. Reconhecer Deus presente na Criação leva-nos à reconciliação e à paz com o cosmo e com os irmãos e irmãs.”

Em resumo, a crise ecológica reflete outras crises mais profundas vividas pelo homem atual, desde a própria crise existencial, o sentido que vem dando à própria vida e à vida dos demais seres com os quais convive, o modo de exercer sua liberdade e de viver seus direitos e deveres, até uma severa crise teológica, espiritual que beira o ateísmo prático.

É impossível restaurarmos a Justiça e a paz entre os homens, sem que haja uma revisão radical no nosso modo de viver e de se relacionar com a criação, sem observarmos os verdadeiros valores morais e éticos, sem darmos a Deus o seu verdadeiro lugar na nossa vida e no mundo criado por Ele. Somos apenas parte dessa criação e, como verdadeiros cristãos, temos o compromisso de preservar tudo que recebemos de graça e para o bem comum.

Finalmente, é fundamental a conscientização das comunidades cristãs e pessoas de boa vontade sobre a gravidade do aquecimento global, das mudanças climáticas, da poluição e da exploração descontrolada e, enfrentar com seriedade a responsabilidade de preservar as condições de vida no planeta.

É preciso pensar na biodiversidade, na miséria, no êxodo rural e nas águas.

É preciso rever programas que visam crescimento contínuo, focado na economia e sem preocupações com a  vida no planeta, e buscar uma sustentabilidade onde se condicionem as preocupações  de ordem econômicas às  sociais e ambientais.

São cada dia mais intensos aprodução e o consumo, em grande parte de bens supérfluos. Já se consome 25% a mais do que o planeta pode oferecer de modo sustentável.

É urgente a formação de uma consciência ambiental;evitar o uso de sacolas plásticas e reaproveitá-las; substituir o uso de papel pelos meios digitais para enviar e receber documentos; dar preferência a produtos locais que necessitam de menos transporte e combustível poluente; apagar as luzes quando desnecessárias e preferir as lâmpadas econômicas; controlar o uso abusivo da água ao escovar os dentes e ao tomar banho.

Façamos a nossa parte!

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