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Publicado: Sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Brasil eufórico

Brasil eufórico

Ou transmutação de valores.

“Só se descobre um anjo ou um demônio quando o ser humano ocupa um cargo político ou de poder.” (Djaniro Souza).

A metafísica sob forte influência da filosofia tradicional, entre os diversos campos que ela permite discernir, claro que de forma especulatória, pois o homem ainda ou nunca terá domínio total, mas, certamente no caminho das análises (teses), o homem sempre poderá enveredar no complexo mundo das reflexões e “visualizar”, teoricamente sobre a relação entre o homem, o Espírito e o mundo real.

Ora, pelas palavras iniciais parece que trilharei caminhos de profundos estudos da metafísica ou da filosofia. Não, caro leitor, muito pelo contrário, vamos colocar certos questionamentos que envolvem os brasileiros e os problemas da própria existência dos cidadãos deste “gigante” que a “natureza” permite que fique “deitado” de forma colossal.

Os brasileiros estão em estado emocional de total excitação sob influência dos representantes do povo e dos meios de comunicação. Que maravilha! É realmente excitante este momento de conquistas. Afinal, vencemos o Obama! Somos poderosos. Os brasileiros são fortes e robustos a ponto de vencer a “guerra” contra os EUA. A Olimpíada é nossa!

O nosso Presidente “precisou se beliscar para acreditar nesta vitória” (G1-Globo) e em entrevista disse estar consciente dos problemas brasileiros do tipo segurança, pobreza etc., mas que o Brasil merece este momento para ser projetado no cenário Mundial.

É preciso cuidado para não passar de uma excitação profundamente emocional para uma esquizofrenia. Sim, é preciso muito cuidado, pois é possível sair da realidade e entrar num estado delirante. Quase uma demência. Um líder pode levar uma nação ao delírio e provocar uma situação de distúrbio coletivo. Todos podem ser induzidos a esquecerem dos reais problemas de sua existência. 

As palavras do Presidente deixam claro que é mais importante o fato do Brasil se fazer presente no cenário Mundial que a solução imediata para a questão infernal que vivem os brasileiros. Categoricamente, pode dizer que a fome, a falta de segurança, falta de estrutura social e muitos outros problemas são menos importantes. É a institucionalização da desgraça social. O Presidente sabe e tem consciência, admitindo que será assim e acabou!

É festa pela Olimpíada. É festa pelo Carnaval. É festa pela copa do Mundo. É festa pelo Festival de Inverno. É sempre festa no discurso “moluscal”.  

Tudo é festa, mas a desgraça impera no nosso país.

Crianças morrendo de fome. Policiais sendo abatidos por marginais com metralhadoras antiaéreas e os representantes da lei portando revólveres 38 antigos e, ainda, precisam comprar balas que nem “pipocam”, tráficos, contrabando de produtos, milhões de dólares em contrabando de armas, pedofilia, roubalheira nas Administrações, políticos corruptos, insegurança da população que permanecem presas em seus lares (prisão domiciliar), enquanto os bandidos fazem a festa, invadindo casas e condomínios, fazendas invadidas e outros movimentos que colocam em risco a Democracia (se ainda existe de fato), o Estado Democrático de direito e a segurança jurídica, bandidos sendo condenados por até 18 anos e soltos com 3 anos para passar uns dias em casa e fogem, ficando muito tempo assaltando. Senador com cueca vermelha em desfile em Brasília, Que m _ _ _ _ é essa!?

A situação não é para beliscar por alguma festa, mas arrancar um naco de carne e sentir na pele a real verdade. Os políticos e governantes deveriam

fazer discursos eufóricos lá em Marte, pois aqui na Terra – só sofrimento e revoltas!  Revoltas sociais!

Malditos dos palácios! Tem cidadãos que trabalharam anos e hoje morrem nos corredores gélidos dos hospitais. Educação deficiente, Malditos! Tem coragem de ficar nos meios de comunicação com aquelas bocas cheias de dentes amarelos, falando em festas, ilusões, patriotismo e ufanismo. Onde enfiam o resultado do monstruoso sistema de arrecadação?

“Tampouco será fácil enquanto grande parte da sociedade brasileira continuar aceitando, satisfeita, a euforia das ilusões, disseminada pela propaganda narcótica enaltecedora do estatismo salvacionista, que se vale de fatos positivos (entre outros, na moda hoje o petróleo do pré-sal, por muito tempo ainda riqueza virtual...), metáforas fantasiosas e afirmações grandiloquentes para dissimular as atribulações que castigam o País...” (Mário César Flores, Almirante-de-esquadra, no Estadão de 17.10.09). Grifo meu.

As idéias do Almirante coincidem exatamente como de qualquer brasileiro decente. Enquanto se constrói obras para dar ênfase às plataformas políticas (e só com este fim), construções faraônicas com finalidades diversas e, certamente nos taciturnos diálogos de gabinetes com os corruptos empreiteiros (a história atesta esta afirmação há muitos anos).

Leitor, se passar pela sua cabeça que estou revoltado ou bravo se engana de verdade. Estou muito pior que isto, pois estou com asco desta nojeira toda. A repugnância que sinto pelos chamados representantes do povo, que chafurdeiam na lama da impunidade.

Ah! Antes que perguntem, eu explico o que tem este assunto com a metafísica. Ora, lá em cima eu bem o disse: “,..o homem sempre poderá enveredar no complexo mundo das reflexões e visualizar, teoricamente sobre a relação entre o homem, o Espírito e o mundo real.” Pois bem, o ser anterior ao homem e que torna-se um ser incorporado, nada mais é que este mesmo ser na forma humana. Ou poderíamos dizer de outra forma. O Espírito (ser) ao incorporar-se já traz consigo os traços da bondade ou da maldade em si. 

As circunstâncias pré-estabelecidas naturais da índole somadas às ações do homem sob influência daquele conhecimento intrínseco do ser, faz com que o leva a ocupar cargos públicos ou deter um poder no meio da raça humana. Poderíamos chamá-los de “vampiros” de energias vitais ou demônios incorporados. 

Esquisito este papo, não?! É, parece, mas ao analisarmos melhor, dará para perceber o sadismo que está “dentro” de certos homens que ocupam cargos públicos e que “se beliscam” com coisas inúteis e efêmeros, e se deliciam ou ignoram que seus semelhantes vivem nos esgotos do infortúnio, aliás esquecem de suas próprias orí

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