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Publicado: Sexta-feira, 1 de junho de 2012

Banda prodígio

Numa feliz coincidência, aconteceu de ter-se à frente uma foto em tamanho grande, expandida num retângulo de aproximadamente trinta por quarenta mais ou menos, em que se retratou toda a composição daquele que foi o primeiro grupo da Banda União.

Compenetrados, cada músico com o seu instrumento. E, numerosa, desde os seus primórdios, o que de certo modo até surpreende, porque se está a falar de uma Itu de cem anos passados.

Aqui na coluna, perde-se a conta de quantas vezes o assunto terá sido exatamente a Corporação Musical União dos Artistas, nas mais variadas oportunidades, nunca demais decantada, a partir de tantos méritos acumulados. O próprio vocábulo “corporação” concorre para deixar implícita a ideia e a intenção bem definida de que dela, da Banda, resultasse num esforço sério e corporativo, tanto que atravessou os tempos e aí está  hoje, de sucessores a sucessores, em todo o seu garbo e pujança.

O denodo e dedicação de idealistas no mais puro sentido da palavra salta aos olhos, ao se considerar que a própria sede social fora erguida sob trabalho coletivo dos próprios músicos, tal como está até hoje, a qual se atribuiu o nome de “Elias Álvares Lobo”, num preito de homenagem ao insigne maestro ituano, compositor e músico.

Afeita assim a Banda União, com marcada modéstia mas bem decidida, a colher louros em competições e certames musicais Brasil afora.

Levantou títulos seguidamente nos anos de 1959, 1964, 1978, 1981, 1983, 1993.

Para citar somente um, diga-se da condição de vencedora na qualidade de “A melhor Banda Civil do Brasil”  (1964). Já em 1962 o Ministério da Educação lhe conferira a “Cruz do Mérito Educação Cívica, na comemoração do seu Jubileu de Ouro.

Viveu há não muito tempo, em noite memorável na Praça da Independência, um instante áureo na sua rica história, ao apresentar-se conjuntamente com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.

Não há propósito agora, nem espaço, no curto apanhado desta reduzida coluna, de se proceder à citação de nomes, aliás muito bem recordados por todos os ituanos, que desde crianças aprendem a saber quais são e quais foram os músicos impertérritos da sempre gloriosa Banda União.

Em tempos de outrora, ela subia garbosa e em marcha célere, dali da sede até o local do coreto do Largo da Matriz, naquela entrada sempre triunfal e sonora das saudosas noites de domingo, daquela Itu bem provinciana.

Sem favor nenhum, por conseguinte, ombreia-se a Banda União às principais entidades, iniciativas e quaisquer órgãos, no que respeita às melhores tradições desta terra.

Se existe alguma coisa a lamentar, nesta jornada altaneira da Banda centenária, que seja a da relativa frieza dos ituanos – e sejam todos culpados – uma vez que um acontecimento dessa envergadura mereceria  comemoração condigna, a extrapolar limites regionais e com repercussão inclusive nacional. Outra chance não considerada de novo, a que, por meio da Banda e suas glórias, alçar-se o nome de Itu a páramos nunca atingidos.

Nos quatrocentos anos da cidade – aventou-se e com razão – que numa programação bem cuidada Itu poderia ter sido posta de novo no mapa, ao poder oferecer algo muito além de sinaleira bisonha e ridículo “orelhão”, amarelo antes e agora arroxeado, este ao sabor de interesses meramente comerciais.

Salve, em suma, com todas as honras, a querida e muito ituana, Corporação Musical “União dos Artistas”.

Banda prodígio!

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