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Publicado: Terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Aurelino

Aurelino
Aurelino, Eliane, Guiomar e eu

Chamava-se Aurelino Trindade. Nasceu em Jequié, Bahia em 22 de Abril de 1905 - dia do descobrimento do Brasil.

Veio para Campinas em 1955 e depois para Itu em l958. Foi quando nos conhecemos. Ele com 53, eu com um. Amor à primeira vista. Decidiu me adotar como filho, no lugar daquele filho querido que nunca tiveram. Permaneci junto a ele e sua esposa Guiomar até os meus 23 anos, quando casei, apesar de ter pai e mãe vivos, juntos e vizinhos. Tempos antigos. Hoje o casamento já saiu de moda, ainda mais para garotos, mas deixemos isso prá lá, quero falar é do Aurelino.

Tinham uma quitanda na Rua Santana, aqui em Itu, que também funcionava como um bar e assim arrumavam tempo para cuidar de mim durante o ‘expediente”, que não tinha fim. Eles atendendo a freguesia e eu dormindo no balcão dentro de um caixote de tomates.

Do alto de sua autoridade de nordestino retirante, autodidata, poeta, escritor, tipógrafo, comerciante, integralista, passava tardes inteiras ensinando-me política, oratória, poesias, a vida enfim. Quando fui para a escola, o Grupo Escolar Francisco Nardy Filho, já estava alfabetizado e infernizava a D. Julieta, minha primeira professora, lendo a cartilha de “ponta cabeça”.

O tempo passou e ele se foi, como é a vida por aqui.

Faço essa homenagem a eles, meus queridos pais adotivos, nesta semana que antecede meu aniversário. Fiz o que pude para cumprir o quarto mandamento da Lei de Deus. Se não consegui, me perdoem.

Guardo suas lições até hoje e acordo a cada dia com mais disposição de fazer o melhor.

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