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Publicado: Sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Antes, era assim

      
Num dos evangelhos de Lucas, composto dos oito primeiros versículos do capítulo 18, Jesus formula uma pergunta inquietadora:
“Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?”
É um fecho um tanto sombrio para uma história em si de final positivo – aquela do juiz que afinal atende a viúva persistente. Nela, Jesus, de um lado, ensina e assegura que, ao contrário do juiz renitente, Deus atenderá os escolhidos bem depressa, por pedirem com muita fé.
De outro lado, indaga se vai existir fé até lá.
O mundo atual deu certamente uma reviravolta em que os princípios morais e religiosos foram postergados e abriu-se campo livre a uma liberdade devastadora. Essa constatação é óbvia e não é preciso nenhuma postura de puritano recalcado para mostrar os fatos que estão aí, aos olhos de quem queira enxergar.
Compreende-se, pois, que o próprio Mestre levante a dúvida quanto a que na terra numa data futura ainda haja pessoas de fé.
Se no testamento antigo se concedia ao homem abandonar a mulher na busca de outra, Jesus, taxativamente, põe cobro a essa tradição. Lembra que se tal lei fora permissiva no passado, tudo se devia à dureza do coração dos homens. Puro machismo, se diria hoje.
E aí Jesus sentenciou formalmente na direção do casamento indissolúvel, ao prescrever que não tem direito o homem de separar o que fora unido por Deus.
Debalde, principalmente nestes tempos novos, se conclama e se proclama em queixas contra a rigidez do casamento único. A lei maior, a da indissolubilidade do matrimônio, essa, oriunda dos evangelhos, instituída por Jesus, essa é imutável.
E faz sentido essa diretriz, justamente na preservação da célula na qual se pode ainda depositar uma esperança de preservação, a da família. Mesmo nessa esfera do recôndito do lar de cada um, muitos princípios degeneraram e as relações de pais e filhos freqüentemente são abaladas.
Infelizmente.
Sobra então a esperança, se atentos forem os pais, de que por acompanhar de perto e com muito amor os pequerruchos, talvez consigam diálogo na fase difícil da juventude deles.
Pronto. Aí um caminho a seguir.
O da presença contínua na vida dos pequeninos. Jesus mesmo evidencia seu carinho e predileção pelas crianças, cuja inocência exalta. Tanto assim que, certa feita, censurou os discípulos que tentavam impedi-las de se acercarem do Mestre.
Ele abençoava as crianças, uma a uma. 
E dizer-se que quase se perdeu de vez a tradição salutar de que os filhos peçam a bênção a seus pais.
-              A bênção, papai. A bênção, mamãe !
Outrora, nenhum filho ou filha se ausentava de casa sem solicitar essa bênção, também invocada quando se chegava da rua.
O valor da bênção paterna está em que, por reconhecer humildemente sua pequenez, os pais respondem:
- Deus te abençoe.
Por assim dizer, os pais na verdade elevam uma prece a Deus – verdadeira súplica – no benefício dos filhos.
Tão valiosa e oportuna essa prática, que ela servirá sempre de caminho ao retorno do bom convívio entre pais e filhos, após qualquer desavença passageira. Admita-se que todos em alguma circunstância cheguem a ir para a cama com as relações estremecidas.
De manhã, no encontro do café, a expressão simples – a bênção pai, a bênção mãe, - reduziria tudo a nova harmonia, sem mais palavras.
Na resposta dos pais e no atendimento certo de Deus que derrama a sua bênção generosa, a paz se instaura naquela família, sem cobranças nem censura.
Um apagador eficiente das brigas registradas na lousa do desentendimento familiar, tão comum nestes tempos novos.      
Que pena!
Se é verdade que o progresso facilitou a vida, de algum modo corroeu aos poucos hábitos salutares.
Hoje, tudo pode. Quase tudo.
Imagine-se, há vinte ou trinta anos, quando nem propaganda se estampava nas camisas dos jogadores profissionais. Agora, ninguem nem repara, o anúncio de preservativos nos ombros do uniforme do Corinthians quase campeão.
Quem diria...

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