Colunistas

Publicado: Quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Antes e Depois do Carnaval

Alguns cronistas nacionais e locais ao escreverem sobre o carnaval, relembrando as festividades de outrora, o fazem com a inefável doçura dos saudosos tempos passados. Não só o carnaval, mas tudo sofria o impacto de valores altruísticos e nobres, de maneira que, os remanescentes de outras épocas, se encontram decepcionados com a ultra modernidade dos dias atuais.
 
É palavreado chulo, desbocado, desnudando tudo que era oculto, misterioso e atraente, como os prazeres do sexo, que são abertamente estimulados com a distribuição gratuita de milhares de “camisinhas”! Antes carnaval significava a oportunidade de alguma deslumbrante ocasião de erótica sensualidade, talvez pecaminosa!
 
Hoje é pura, descarada e descomprometida vivência sexual, já que os parceiros, biologicamente diferençados, reciprocamente carregam preservativos generosamente distribuídos pela administração pública! Que maravilha, quanta felicidade! Antes, muitos casavam após o carnaval, pois iniciavam um namoro que estimulava a criação de uma família.
 
Hoje, após as festanças carnavalescas, sem os enfeites das serpentinas, mas das centenas de camisinhas, esses muitos se desiludem com as obrigações e compromissos da vida conjugal, e acham melhor continuar a sós, procurando cultivar festividades semelhantes durante o ano todo.
 
Depois do carnaval vem a quaresma, estranhíssimo nome que às crianças de outrora, no imaginário próprio da idade, propiciava a criação das inesquecíveis histórias de lobisomens e assombrações.
 
Com a imposição das cinzas na quarta–feira, “memento homo quia pulvis es, et in púlverem revertéris” (lembra-te , homem, que és pó em pó te as de tornar), restrição nas refeições (pequenos jejuns), com abstinência de carnes nas sextas-feiras e o início das atividades escolares, o mundo era levado a sério, com mais ordem e disciplina: estudo ou trabalho, descanso e lazer, obrigações religiosas.
 
Após a década de sessenta, com a expansão da contracultura, caracterizada, então, pela queima dos sutiãs (Paris - Sorbonne 1968) a liberação das barreiras morais acelerou-se, instalando-se o reinado da permissividade. Simultaneamente passou a ocorrer a implosão da perversa marginalidade, com a detestável violência e o irreprimível narcotráfico. A nova modernidade procurou exaltar o lazer, com o relaxamento dos demais compromissos, sendo que no aspecto religioso houve sensível evasão dos católicos para os segmentos cristãos evangélicos (antigos protestantes), onde não há obrigação (sob pena de pecado) de assistir missa dominical, comunhão e confissão anual, etc.
 
Assim nos encontramos sem perspectivas, porque a mídia que enquadra e resume todas as baboseiras do mundo, não prevê nada de promissor, mas não cessa de detalhar os mais horrorosos crimes e as mais chocantes tragédias, orgulhosamente se ufanando que cumpre sua magnífica missão de informar! Acena, sempre que possível, com empáfia ironia, atordoantes novidades, como a de “cientistas” já tentarem produzir espermatozóides de células troncos da mulher, para fecundar óvulo de outra mulher!
Comentários