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Publicado: Segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ano letivo já acabou em São Paulo

Essa bola eu já cantei na última eleição para vereadores e prefeitos.

Depois das eleições a escola pública deixa de funcionar, vai de passo de tartaruga empurrando com a barriga até dezembro.

Não importa qual candidato se eleja. Os professores aos milhares que saíram candidatos não voltam para a sala de aula; os que ganham ficam borboleteando por aí e ninguém toca nele. O perdedor está desanimado e acha que o povo é culpado do seu fracasso e desconta nos alunos. Aquele que é perdedor, mas tem bastante voto, se aboleta em um gabinete qualquer aguardando a próxima eleição - que será um ótimo cabo eleitoral; mas não volta para a escola.

No dia da eleição, cada professor que trabalha na escola meio período ganha um dia.

Então os pais e alunos pagam essa conta também. O professor fica meio dia na escola e tem direito a um dia de folga. Os alunos perdem mais um dia de aula.

E ainda piora.

Uma educadora inconformada me explicou na eleição passada como funciona esse “esquemão” de trabalhar na eleição.

O professor que trabalha na eleição ganha em folga.

Como o governador pode pagar com a aula que é do aluno?

Pior ainda:

O professor pode tirar essa folga o dia que quiser: então ele falta o resto do ano. Toda vez que alguém cobrar dele sua falta ele alega que é a folga do TRE.

Uma folga dobrada do TRE na prática se multiplica misteriosamente em dezenas de folgas.

Ninguém cobra mesmo.

A Escola está nas mãos da corporação e sem fiscalização nenhuma.

Tudo consta nos documentos dela. Uma fiscalização séria com objetivo de punir os culpados é a coisa mais fácil que tem.

A primeira coisa que denunciamos e uma das piores violências contra o aluno, a comunidade ordeira que paga imposto são os alunos fantasmas.

Isso ocorre em quase toda escola. Pelo menos em 90% delas. Pelo menos, repito!

Em outubro temos apenas 30% de alunos frequentando a escola, mas o nome dos outros 70 continuam na lista.

Simples de fiscalizar. Só querer. Chegar aleatoriamente em uma escola de periferia qualquer, entrar na sala de aula e perguntar aos alunos. Eles informação quantos estão de fato frequentando a escola.

Por causa disso, por conta da impunidade e da corrupção, não importa quem ganha as eleições.

Os alunos vão perder. Vão perder o resto do ano - mesmo os 30% que sobraram (os mais bonzinhos que a escola peneirou também vão ter o resto do ano perdido).

Pais e alunos, perdem sempre. Até que criem coragem e reajam...

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