Colunistas

Publicado: Segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Amo as Letras e as Palavras! . . .

Amo palavras e letras, seus sons, ritmos e voleios.
Amo-as disciplinadas, a cumprir missão sagrada,
Suas pretensas origens e os mais legítimos anseios.
Amo conspicuamente sua estirpe consagrada,
Sua origem, seu histórico, nuancese galanteios.

Simplesmente, amo letras e palavras! . . .

Respeitando-as no meu íntimo e em sua alçada,
A arquitetar, a compor com respeito, abrindo campos e meios,
harmonizandotrejeito, suspicácia e batucada,
Quando em plena liberdade são a expressão da verdade.
Descrevendo o indescritível de quem crê, descobre, afirma, ou renega,
A servir o bem comum, a cultura, a sanidade, a crítica da maldade . . .

Mas amo-assobretudo a construir, a moldar, a edificar, a compor sinfonia de beldade! . . .

Mas elas a mim, por vezes, parecem não me querer:
Se quando as mais necessito,
No afã de bem dizer
Para um texto formatar,
A afirmar o que acredito,
Dizer da mais sã justiça,
E da alma, o que sugere
Em beleza ou dimensão,
Então mostram-se importunas,
Rabugentas, maldizentes, inseguras,
Meio rebeldes, sem a costumeira mágica,
Teimam desobedecer
E à mente em preguiça afloram, dispostas a escarnecer.
Sem espontâneo fluir,
Abusadas e, de permeio, tornam-se incoerentes ,
impróprias, regateiras, pechincheiras, reticentes,
perdemnaturalidade e não querem ajudar
nemsolícitas trabalhar,
recusamfacilitar,
Negam-se a colaborar! . . .
Aí, a porca é quem torce o rabo, de risonho parafuso ! . . .
Como bem diz o adágio popular ! . . .
E perdem-se as palavras de repente, perdem encanto
e o seu fruir fluidez! . . .
Quem fará as peregrinas desistir de se ocultar? . . .
E às mentes pretensiosas humildemente inspirar ?
Porque não, já submissas, renderem-se e obedecer, se afinal só as quero engrandecer?
Recusam-se mesmo a ceder quando intento barganhar uma ansiosa sentença,
Ao ponto de obnubilar a consciência sensível,
A destacar a verdade secular, sabiamente contida em adágio popular:

“Mas será o Benedito ? . . .”

Sem dar dito por não dito,
rebeldes, independentes, ostensivas, radicais, sem atender aos meus ais
e até ao que acredito,
sejaprofano ou bendito,
Quando querendo-as usar, as letras do meu cantar
meindicam seu veredicto, obtusas, sem amor considerar,
sem doçura sufragar :
vai! . . . ao pai dos burros buscar! . . .

Comentários