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Publicado: Quarta-feira, 6 de maio de 2009

Amar, realmente vale a pena?

“Amar é como pegar uma arma entregar ao outro e declarar. Tome. Só você pode machucar”
Antonio Gala
 
Quando li pela primeira vez a frase do poeta espanhol que abre este texto fiquei petrificada, pensando comigo mesma no quão perigoso é amar. Depois, ponderei que estava errada, mas me lembrei que muitos compartilham deste raciocínio. Percebi então que agindo desta maneira nos fechamos cada vez mais. E isso não é nada bom.
 
Será este o motivo de vivermos nessa era de solidão? Essa grande verdade do poeta espanhol nos paralisa para amar? Será que é assim que muitos homens se sentem quando se encantam com uma mulher e depois não a procuram mais? Será que as pessoas andam aprisionadas no medo intenso e escondidas até de ser alguém?
 
A minha conclusão no meio de toda essa confusão é que o amor, às vezes, castiga sim, mas acima de tudo, o amor salva.
 
Quando nos sentimos amedrontados com a possibilidade de amar, de pertencer, de possuir o outro, precisamos estar cientes que podemos sofrer, sim. Que tal experiência pode doer, mas a certeza que amar é a única maneira de se perpetuar, essa nunca pode nos abandonar.
 
A vida vai indo, vai seguindo para lugar algum e o único jeito de preencher essa trajetória de sentido é fazer a diferença para alguém e ter alguém fazendo o mesmo por nós. Isso só acontece se entregarmos nosso coração, na incerteza se o castigo por tal atrevimento poderá ou não chegar, o prazer de tal ato nos inunda inevitavelmente.
 
Portanto, se o medo chegar mande-o embora. Se ele insistir em ficar, ignore-o.
 
Você tem muito mais o que fazer, como por exemplo, viver. De tanto fingir que não sente medo você vai acabar acreditando nisso, aí amar e permitir que alguém te ame passara a ser algo muito mais simples.
 
Quando você ama dá o poder ao objeto amado de te machucar. Sim, a arma existe. Mas lembre-se que o ato de entregá-la a alguém é seu, portanto, pense bem em suas escolhas e jamais sinta medo. Porque o medo aprisiona, paralisa. E isso é tudo o que você não pode deixar acontecer consigo mesmo.
 
Procure se conhecer antes de qualquer passo, pois, como diria o influente pensador da psicologia analítica, Carl G.Yung. “Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta”. Olhe para dentro de si e desperte para a vida. Ela se torna muito mais interessante, instigante e cheia de prazer quando corremos riscos. E o risco de amar... ah, esse sim vale a pena!
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