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Publicado: Quinta-feira, 14 de maio de 2009

AMAI-VOS...

Termina neste sexto domingo da série, 17 de maio, o Tempo Pascal.
 
Foram lembrados os leitores, desde a semana passada, de que se faz opção por separar os versículos, num cuidado eminentemente didático.
 
Tem-se comentado aqui que o tom da narrativa do apóstolo João, além de pormenorizado, apresenta um recheio da mais fina sensibilidade.
 
Comprove-se nestes versículos, de 9 a 17.
Capítulo 15.
 
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”” Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor.
 
Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor.
 
Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa.
 
Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.
 
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.
 
Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando.
 
Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.
 
Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.
 
O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.””
 
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Observe-se, neste evangelho, logo de saída.
O vocábulo “amor” é repetido quatro vezes.
O verbo “amar”, cinco vezes.
 
Carinhosamente, João traz as afirmações eloqüentes de Jesus, para mostrar que somos a razão de seu amor e que a correspondência desse afeto dele para com o homem, torna-se evidente e incontestável sempre que as pessoas se amem entre si.
 
A excelência do amor de Deus se traduziu ao ponto de seu sacrifício cruel, em favor do ser humano. Bem se diz, por isso mesmo, que “prova de amor maior não há”.
 
No contraponto, porém, desta longa e doce peroração, ao se lançar vista de olhos ao mundo, constata-se o oposto. Infelizmente. Os homens se dizimam.
 
Desistir então? Tomar a recomendação do Mestre como utopia?
 
Absolutamente.
 
O mundo é confuso e incoerente no seu todo e, destarte, incontrolável.
Existe, porém o mundo de cada um.
 
Considere os que estão à sua volta. Os familiares, em plano primeiro. Os amigos mais chegados. Sem esquecer os mais distantes. Quanto não se pode realizar aí, nesse pequeno círculo de vida, em termos de afeto sincero e mútuo...
 
Em relação a pessoas, homens e mulheres, distribuídos por esse mundo de Deus, por elas se pode orar. Orar confiantemente. Não é assim, porventura, não é exatamente assim que se expressa esse mistério inefável de bem comum e mútuo, o da comunhão dos santos?
 
Comunhão dos Santos, que talvez até se reze, ao credo, nas missas de preceito, sem se aperceber da profundidade de seu significado.
 
Não haja tampouco respeito humano.
 
O Mestre apregoa, ensina e pede: amai-vos, amai-vos, amai-vos.
 
Nos ensejos de saudações e cumprimentos, que não somente as mãos se toquem. Amplie-se a saudação num abraço sincero.
 
Pais e filhos, nos amplexos, permitam-se demorar mais tempo, estreitados entre si.
Acariciem-se os cônjuges.
Amai-vos, uns aos outros.
 
João Paulo
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