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Publicado: Quarta-feira, 6 de abril de 2011

Aluno de periferia é burro?

 

As melhores escolas de São Paulo são aquelas ditas de excelência. Em bairros melhores, as escolas excluem o aluno mais pobre logo na hora da matrícula.

Denunciamos uma vez a escola tida como a melhor escola de São Paulo, a escola Lucia Bueno de Castro, no Taboão da Serra. Essa escola estaria fazendo uma triagem dos pais. Seria feita uma espécie de investigação social. Os pais que passassem na triagem teriam que assinar um documento no qual se comprometiam e garantiam que as lições de casa e os trabalhos pedidos pelos professores seriam executados.

Então é isso aí: nas escolas de “excelência” os pais ensinam em casa o que a escola não ensina na sala de aula.

Com o número exagerado de aula vaga, dia sem aula nenhuma, e aula medíocre, é quase impossível a escola manter o programa por menor que fosse. O jeitinho brasileiro, juntando com a impunidade, achou a solução imoral. A escola joga para cima dos pais a responsabilidade, a sua responsabilidade.

Os pais de escola em bairros melhores, são pessoas com melhor instrução, ajudam seus filhos, pagam cursinhos particulares para reforço, pagam professoras particulares para uma ajudinha extra, tem computador em casa e assim ensinam em casa. A escola apenas aplica provas dificílimas e fica com a fama de escola “forte”, escola “boa”, escola “puxada”.

Já o aluno de escola de periferia não tem quem lhes ensine em casa e não pode pagar. Conta com a escola e está perdido. Essas escolas já sabem que o aluno não tem como aprender em casa, não passam lição mesmo. Sendo aluno pobre de periferia, fica fácil colocar nas costas dos pais deles o fracasso da escola.

Então parece lógico dizer que aluno de periferia é tão inteligente quanto o aluno de escola de excelência, só não tem professora para ensinar. Parece lógico também que a imprensa não toque no assunto. Lógico que vende mais a notícia dizer que aluno de escola de periferia não quer nada com nada. Vende mais, e até convence, dizer que a culpa da escola ruim é do aluno.

Agrada muita gente dizer que o professor de escola pública é o anjo abnegado, um herói que enfrenta o risco diário de conviver com agressivos, criminosos em potencial.

Tanto que o governo Alckimin até criou a Ronda Escolar: a polícia militar para defender o professor da violência do aluno.

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