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Publicado: Segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Aluno de escola pública está sempre errado

Não acredito que ninguém em sã consciência deixou de pensar no que motivou o garoto a atirar. Ele também esteve no limite do desespero que até se matou depois de atirar na professora. Sinal que ele sabia que o preço seria alto; seria mesmo. Se ele tivesse atirado na professora e estivesse vivo, sua família, juntamente com ele, estaria destruída.

Ele seria transformado em monstro sanguinário e cruel e possivelmente até seu pai perdesse o emprego e tivessem que mudar de cidade.

Só ver os comentários dessa matéria na Folha. Pessoas que imagino ser professores com um ódio tão grande do aluno que “atirou numa santa”, que só não pedem uma segunda morte para o aluno porque não podem. Pedem que o pai seja penalizado também.

Esse ódio pelo aluno, essa “alunofobia”, essa pedofobia, é quase sempre fomentada pela imprensa que resolveu comprar o discurso do sindicato das professoras, que responsabilizam a família e o aluno pelo fracasso da escola. O adolescente é responsabilizado pela violência do mundo e especialmente no Brasil.
Se esquecem que criança e adolescente é o futuro do país, que professora é ser humano que erra. Erra grandão! Na escola que é situação de risco para o aluno, ele aprende lições de truculência e covardia que, com certeza, pode levar para sua vida afora se a família não estiver atenta. Na escola os alunos estão perdendo o referencial de honestidade e decência que muitas vezes leva de casa.

Hora de parar e repensar a escola.

Esse aluno morreu, mas a gente sabe que os alunos de escola pública morrem todo dia dentro dela, se não matam fisicamente, matam seu sonho, seu ideal de liberdade.

Aluno que resiste a oito anos de escola pública sem ser expulso se transforma em um carneirinho. Um cidadão de segunda classe, que rotula a corrupção como inevitável.

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