Colunistas

Publicado: Sexta-feira, 25 de julho de 2008

Algumas Reflexões Sobre a Lei Seca

Não pensamos em examinar e dissecar a lei que estão chamando de seca. Aliás, penso que terá efêmera duração e, se por milagre acontecer o contrário, passarei a acreditar que estará ocorrendo a regeneração do mundo. Isso porque haverá astronômica redução do consumo de bebidas alcoólicas e todos sabemos que a ingestão delas é grande fator no aumento da criminalidade em geral, seja dolosa ou simplesmente culposa.
                                    
Diminuir a fabricação de cerveja, vinho, cachaça e a inominada nomenclatura dos destilados de todas as procedências, seria o mesmo que eliminar a produção das armas de fogo, munições e assemelhados. Encontramo-nos, portanto, neste instante, já no reino da fantasia. Porque, evidentemente, todos os fabricantes e os seus destinatários fiéis, além da chiadeira geral, na fertilidade total da criatividade humana, descobrirão soluções, isto se o indefectível “jeitinho” não funcionar primeiro.
 
O episódio passa a nos causar ingênuo humor, ao verificar pela irreverente mídia, que casas ou restaurantes noturnos estão disponibilizando motoristas especializados, “sóbrios”, afora o serviço de táxi, para efetuar o retorno dos seus clientes consumidores de bons vinhos e algumas cervejinhas a mais, às respectivas moradias, sem preocupações com inesperadas fiscalizações policiais...
 
Resta-nos saber o epílogo dessa utópica fantasia. A quem lançarão a culpa. É preciso sempre encontrar um culpado, de preferência alguém que não possa reclamar, como a “histeria conservadora”, sugerida por ilustre articulista escrevendo também sobre polêmico assunto (sexo na adolescência), porque assim tudo continuará em abstrato.
 
Por falar em sexo na adolescência, lei drástica que proibisse relacionamento sexual de menores de 20 anos deveria também ser bem vinda, eis que o número de gravidezes precoces cairia assustadoramente, fazendo com que as fabulosas verbas gastas com hospitalização, atendimentos pré-natal e pós-parto tivessem destinos mais adequados às essenciais necessidades da sociedade.
 
Por que um peso e duas medidas: para se evitar mortes e as graves seqüelas dos acidentes de trânsito rigorosa lei de abstenção total de álcool, com testes de bafômetro e outros; para se evitar gravidez precoce porque não abstenção do sexo antes do casamento legal, com proibições e não facilidades para se obter preservativos, a ponto de pretenderem colocar nas escolas oficiais máquinas automáticas de venda de camisinhas?
 
Vejo que o senhor Ministro da Saúde, em recente artigo (Correio Popular – Campinas, 19/7/08) se regozija com os bons resultados que a Lei Seca está produzindo e convoca a sociedade para debates e diálogos sobre essa lei e assuntos da saúde pública e eu, e grande parte da população, entendemos que um dos temas prioritários, nessa área, é da educação sexual para adolescentes e a desastrosas conseqüências da gravidez precoce.
Comentários