Colunistas

Publicado: Sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

Ainda sobre o Kardecismo

Dias atrás escrevi sobre alguns posicionamentos que aproximam os católicos e os kardecistas. Acrescentei, porém, que um ponto inconciliável com a fé cristã era a crença na reencarnação. Afirmei que na Sagrada Escritura há vários textos que excluem a reencarnação ou a transmigração de espíritos “desencarnados”.

Neste artigo vejo-me obrigado a insistir em que já na revelação mosaica e depois na revelação cristã, são verdades muito claras o pecado cometido pelo primeiro casal humano, a promessa de um redentor na pessoa de Cristo e a necessidade de uma redenção por ele realizada na cruz. A graça do batismo nos redime do pecado original e a do sacramento da reconciliação dos pecados pessoais. A penitência nos reaproxima de Deus, que acima de tudo é acolhedor e misericordioso. Todos necessitamos tanto de um redentor quanto de uma redenção.

Transcrevo as célebres passagens que se encontram nas profecias de Isaías:

“Desprezado, não fazíamos caso nenhum dele. E no entanto, eram nossos sofrimentos que ele levava sobre si. Ele carregava as nossas dores. Nós o tínhamos como vítima do castigo, preterido por Deus e humilhado. Mas ele foi trespassado por causa das nossas transgressões. O castigo que havia de trazer-nos a paz caiu sobre ele. Sim, por suas feridas fomos curados, todos nós que andávamos errantes seguindo cada um o próprio caminho. Mas Yahweh fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós. Foi maltratado, humilhou-se e não abriu a boca, como cordeiro conduzido ao matadouro. Após sua detenção e julgamento, foi preso... Deram-lhe (a Cristo) sepultura com os ímpios... embora não tivesse praticado violência. Yahweh quis esmagá-lo pelo sofrimento. Porém, ele oferece a sua vida como sacrifício expiatório. Contado entre os criminosos ele levou sobre si os pecados de muitos intercedendo pelos pecadores” (Is 53, 3-8 e 9-10;12).

Há, também, trechos do Novo Testamento:

“Não temais! Eis que vos anuncio uma grande alegria, que o será também para todo o povo. Nasceu-vos hoje um Salvador, que é Cristo, o Senhor, na cidade de Davi!” (Lc 2,10).

“Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Dele é que eu disse: ‘Depois de mim vem um homem que passou diante de mim, porque existia antes de mim” (Jo 1, 29-30).

Sem citar várias afirmações do próprio Cristo, destaco ainda um texto do Apóstolo Paulo:

“Eis porque por meio de um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte. Assim a morte passou para todos os homens porque todos pecaram... O pecado de um resultou em condenação, ao passo que a graça, a partir de numerosas faltas, resultou em justificação... a obra de justiça de um só resultou para todos os homens na justificação que traz a vida... pela obediência de um só, todos se tornarão justos... para a vida eterna através de Jesus Cristo, Nosso Senhor” (Rm 16,20).

Sintetizando: o pecado é uma realidade na vida de todos nós e exige uma reparação. Essa reparação condigna foi realizada na cruz por Cristo, o Filho de Deus. Redimir-nos pelo inestimável preço de seu próprio sofrimento, sangue e morte, foi o que custamos ao amor misericordioso de Deus e de seu divino Filho, que habitou entre nós. Ninguém se redime por si mesmo, ninguém se auto-purifica em sucessivas e hipotéticas reencarnações. Por mais isso, cristianismo e kardecismo são inconciliáveis.

Comentários