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Publicado: Terça-feira, 5 de julho de 2011

Agências e eventos, união de interesses

A história das agências de viagens corporativas no Brasil pode ser dividida em duas fases. Antes, tudo se resumia a sorrisos e gentilezas para manter o cliente satisfeito, pois do outro lado as companhias aéreas garantiam generosas remunerações. A segunda etapa é a da concorrência acirrada despertada pela globalização, a desregulamentação das tarifas e a preferência do consumidor por custos mais baixos, o que se traduz na drenagem radical do pote de ouro que sustentou a primeira fase.

Resumindo, ao descobrir que o principal meio de subsistência desapareceu, as agências foram atrás de rendas alternativas.

Assim surgiu o interesse por eventos corporativos – um termo tão elástico que nele cabe da pequena reunião de diretores por algumas horas até um sofisticado encontro, congresso ou convenção de dias voltado a milhares de profissionais, funcionários, fornecedores ou comissionados, até programas de incentivo que fecham hotéis ou fretam um navio só para este fim.

"Há quinze anos, as agências fugiam de eventos, pois só dava dor de cabeça. Era uma atividade relegada a secretárias, que, com o tempo, ganharam experiência e abriram seus próprios negócios", recorda o veterano Wilson Colocero, consultor em eventos corporativos e professor da ABAV-SP. Mas mesmo correndo atrás do tempo perdido, agência de viagens não é empresa de eventos.

A sinergia que existe entre as duas áreas se restringe à logística para realizar um encontro de negócios – especialmente transporte e hotel. Assim, os recém ingressados no mundo novo dos eventos resolveram ou aprenderam a fazer eventos, ou decidiram comprar pronto, seja por meio de parcerias com empresas especializadas ou aquisições. Com o tempo, descobriram que a coisa não era tão simples.

"A principal diferença é que agências têm um perfil operacional, enquanto eventos exigem criatividade e obedecem a outro ritmo e forma de organização", explica Colocero. Quem resolveu fazer o bolo em casa pagou um alto preço pelo aprendizado, formação de equipes, choque cultural – muitas vezes à custa de desgastes com clientes. Os que se associaram viram a parte do leão cair direto na boca do parceiro de eventos. O fato é que, entre trancos e barrancos, as coisas se acomodaram e hoje nenhuma agência reclama do novo e profícuo naco de negócios. Muito pelo contrário.

Uma vez que o novo animal foi adotado, ele terá que conviver no zoológico, e as equipes das agências precisam entender suas peculiaridades e atuar em harmonia. Wilson Colocero, desde 1966 no mercado, faz isso por meio do seu curso "Elaboração e Organização de Eventos", pela ABAV-SP. Lá ele explica, por exemplo, que é preciso garantir que as despesas se ajustem ao orçamento e não o contrário. Afinal, de que adianta reservar um centro de convenções para 3 mil pessoas se o hotel da localidade só dispõe de 200 quartos?

*Este texto foi publicado também na coluna Viagens de Negócio, de Fábio Steinberg, no dia 30 de junho, no Diário do Comércio de São Paulo.

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