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Publicado: Terça-feira, 1 de junho de 2010

ACTE aponta tendências em viagens de negócios

Qual o valor de uma viagem? Com esta pergunta Richard Crow, dois dias antes de passar a presidência para Chris Crowley, abriu em Chicago o encontro da ACTE – associação que reúne os executivos de viagens corporativas. Mais que mera retórica, a questão provocou reflexão nos 780 participantes sobre a própria razão da existência da entidade. Explica-se: a ACTE quase renasce das cinzas, após recente tentativa de fusão promovida pela gestão anterior com a NBTA, a rival mais musculosa, turbinada por bons anunciantes, gestão eficaz e marketing à prova de bala.

Felizmente, o bom senso prevaleceu. Em uma avaliação leviana poderia se chegar à conclusão que a missão de ambas é similar e redundante, que duplica esforços e dispersa energias. Ledo engano. Na prática, ganha o mercado com a existência das duas organizações, disse Crow.

Quem participou do evento, em Chicago, não só saiu convencido disso, como se sentiu recompensado pelo tempo dedicado ao evento. Pena que poucos brasileiros puderam usufruir desse fórum privilegiado de alto nível no qual profissionais, consultores, acadêmicos e líderes da indústria apresentaram tendências e visões sobre o que há de mais relevante no mercado de viagens de negócios. Das questões conceituais abordadas no evento, vamos nos concentrar em três que, por terem sido centro de atenções, devem dominar o cenário nos próximos tempos: sustentabilidade, tecnologia e avaliação de riscos.

Pouco a pouco, as pessoas percebem que a expressão sustentabilidade é bem mais que modismo e leva em conta a necessidade e a responsabilidade de obter um equilíbrio não só das ações do homem em relação ao meio ambiente, mas também quanto à comunidade e à qualidade de vida.

Não se trata de apenas plantar árvores para expiar a culpa por uma viagem que produziu carbono na atmosfera, mas também de obter harmonia entre trabalho e vida pessoal, o retorno financeiro acompanhado do progresso social, entre outros fatores.

O recado dado no encontro sobre a contínua evolução tecnológica não deixa dúvidas. Quem não acompanhar o processo vai ficar para trás. A tecnologia está de tal forma inserida nos processos que é impossível ignorá-la.Assim, reputações corporativas são construídas e destruídas via blogs ou twitter. O viajante tem cada dia mais ferramentas de acompanhamento de voos e reservas de hotéis via internet, não raro melhores que as dos atendentes.Diante da realidade das receitas fragmentadas adotadas pelas companhias aéreas, os controles de despesas não conseguem acompanhar a multiplicação de itens e exigem sistemas mais sofisticados, que em breve representarão 30% dos custos das passagens.

O vulcão islandês de nome impronunciável (tente falar "Eyjafjallajoekull") foi a senha para uma discussão de algo que ganhou importância a partir da globalização da economia: o risco das viagens. Com a diversificação de destinos e ampliação de viajantes, problemas – como localização do passageiro, segurança, saúde, desastres naturais, instabilidade política e contaminação, entre outros – entraram na ordem do dia, obrigando à adoção de sistemas de rastreamento de passageiros e acompanhamento de riscos.

A razão de ser da ACTE – como lembra Richard Crow, entidade que nasceu de uma dissidência da NBTA – é constituir uma alternativa para dirigentes de empresas que buscam menos shows e festas e mais discussões sobre tendências e desafios de negócios. "Temos as mesmas raízes, mas optamos por diferentes caminhos", resume Crow.

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