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Publicado: Segunda-feira, 19 de julho de 2010

Absurdos

Absurdos

Sempre me admiro com o tamanho das coisas. Anos luz é uma medida quase fictícia. E quando falam bilhões de anos luz?! Bilhões de anos já é um atentado à nossa capacidade de abstração, mas bilhões de anos viajando na velocidade da luz – inacreditáveis trezentos mil km por segundo – já é uma idéia inalcançável. Um absurdo.

Tentei entender o que seja trezentos mil km por segundo. Fiz uns cálculos rápidos para trazer isso para um universo menos lunático. Cheguei à seguinte conclusão: viajando a essa velocidade podemos dar oito voltas em redor da terra a cada segundo. Rápido não? Para viajarmos da Terra ao sol nessa velocidade levaríamos onze minutos.

Essas velocidades astronômicas são usadas para medidas de distâncias ainda mais estapafúrdias. Determinada galáxia está a um milhão de anos luz daqui. Que espaço percorrido é esse? Passar um milhão de anos viajando a trezentos mil km por segundo é uma idéia que me faz achar que físicos e cosmólogos são uma espécie mais criativa do que qualquer criança, escritor ou roteirista de Hollywood.

Dizem, com a maior naturalidade, que existem mais estrelas no universo do que grãos de areia em todas as praias do planeta. Quanto castelinho de areia eu fiz sem saber que estava empilhando estrelas.

Aí vem a copa do mundo e penso que ficarei mais tranqüilo, menos atônito até chegar aquele polvo alemão e me atormentar a cabeça. O bicho acertou sete prognósticos. É verdade que pode ser considerado um caso de sorte, afinal são cinqüenta por cento de chance de acertar. Mas fiz um cálculo rápido: aquele bicho cheio de pernas acertou sete prognósticos. Se cada prognóstico tinha cinqüenta por cento de chance de estar correto, a chance de acertar os sete é de menos de um por cento. É de 0,78%. Mas o polvo acertou. Absurdo.

Sorte? Ou o quê? Vai dizer que o polvo tem capacidade de ver o futuro? Se for apenas sorte, estamos do mesmo modo diante de outro fato assombroso. Afinal 0,78% de chance é uma probabilidade bem pequena. Se bem que todo mês alguém acerta os seis números da mega-sena e isso é ainda mais improvável de acontecer, mas acontece.

Ontem assisti a um programa de televisão onde o apresentador tentava explicar o que poderia ser a quarta dimensão. Fui dormir sem entender.

Quando era pequeno eu ficava imaginando que a humanidade inteira poderia ser como uma colônia de bactérias que viviam no intestino de um gigante, e que existiam tantos gigantes quanto a população do mundo e tantos mundos iguais ao nosso no intestino de cada gigante. E dentro de nossos intestinos outros mundos para os quais nós seríamos os tais gigantes. E nunca contava isso a ninguém por achar muito absurdo. Quanta ingenuidade.

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