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Publicado: Sábado, 17 de março de 2007

A Vida Novamente em Jogo

A Vida Novamente em Jogo
No dia 24 de março próximo, haverá na Praça da Sé, em São Paulo, um Ato Público em favor da vida e contra o aborto. É mais um grito do povo brasileiro que tenta ser ouvido por parlamentares interessados em impor à nação a lei abortista. A expressão ‘povo brasileiro’ é exata, uma vez que variadas pesquisas populares revelam que a maioria dos brasileiros não deseja esta medida. Na enquete feita pelo IBOPE, divulgada pela Rede Globo, no programa Fantástico de 6 de março de 2006, por exemplo, 97% dos entrevistados responderam não à legalização do aborto.
 
Mas, na questão da vida, algo muito grave está acontecendo. Há um poderoso grupo internacional interessado na liberação dos abortamentos, independente da aprovação popular. Verdadeira ditadura. Se não se conseguir por meios democráticos, tenhamos certeza, tentarão burlar os meios democráticos para impor sua vontade. Vejamos o que aconteceu em Portugal no último mês de fevereiro e na Colômbia no ano passado.
 
É de se estranhar que esta força antidemocrática esteja pervagando o mundo depois da vitória contra regimes totalitários, inclusive na América Latina. Na linha desta incoerência, entram também setores do Governo brasileiro e de alguns partidos políticos. A distribuição da chamada pílula do dia seguinte torna-se um escândalo público a cada dia. Com argumentos que pretendem negar o seu efeito abortivo - contrariando a ciência que diz ter a vida seu início na fecundação do óvulo e não na nidação como querem alguns, sobretudo os fabricantes e comerciantes do medicamento - vão sendo distribuídas livremente na rede hospitalar pública e em outros lugares, ao arrepio da Constituição brasileira.
 
O Estado certamente não pode impor às famílias critérios que firam a ética e nem pode substituir a decisão dos cidadãos em questões de consciência. Sem dúvida, causou estranheza a palavra do Senhor Presidente da República, há poucos dias, que aprovava e incentivava a distribuição farta de preservativos até para crianças, com a ilusória intenção de dar a elas educação sexual, para evitar doenças e a gravidez precoce. Seria possível imaginar que o Chefe da Nação não vê que a medida resulta na desastrosa prática indiscriminada e abusiva do sexo? Certamente está se buscando evitar um mal físico e criando um enorme mal moral coletivo. A acusação de hipocrisia aos pais e, parece que incluía também a Igreja, não é de nenhuma forma justa, pois quando se luta por valores morais, acusações desta natureza cheiram a ausência de argumentos. Estamos criando uma situação muita perigosa para o País, que, ao continuar com esta mentalidade se transformará numa espécie de grande prostíbulo e as famílias sérias estarão na situação desesperadora do ‘salve-se quem puder’. Já houve quem dissesse que pior do que a Aids é a grave doença moral que se está provocando entre o povo brasileiro. As cenas vistas na televisão há poucos dias, de crianças distribuindo ‘camisinhas’ para seus coleguinhas e suas coleguinhas, anotando em lista apropriada os nomes dos que as recebiam, por ordem e orientação da diretoria do estabelecimento, são assustadoras. E o pior: com o meu e com teu dinheiro pago em pesados impostos.
 
Quanto aos argumentos favoráveis à legalização do aborto - e, pasmem, há projetos de leis que permitem o abortamento até o nono mês - é no mínimo curioso que não se entenda a gravidade do ato. É difícil entender porque todos se assustem, se revoltem, não aceitem - e é de fato para assustar, se revoltar e não aceitar - o assassinato de crianças por marginais desumanos como no caso do menino João Hélio, no Rio de Janeiro, e outras tantas crianças que têm sido vítima da violência, e, ao mesmo tempo, não se perceba que as leis abortistas facilitam o mesmo tipo de crime que é o assassinato de crianças que ainda não nasceram. Como se pode entender este contra-senso? Como se pode entender que, assim como o crânio de nosso João Hélio foi arrebentado nas guias dos 14 quilômetros que percorreram os bandidos, também crânios de bebês sejam esmagados ao serem extraídos do útero materno, muitas vezes por ferros nas mãos de um médico?!
 
O abortamento choca, deprime e avilta a consciência humana. Lembro-me de uma das músicas de maiores sucessos no tempo da ditadura militar, cujo título era “Disparada”, cantada por Jair Rodrigues, que em certo trecho dizia: “...o gado a gente mata; tange, fere, engorda e mata, mas com gente é diferente...”, referindo-se à tortura e maus-tratos aplicados a presos políticos. Pois bem, o que o aborto faz é bem pior, pois assassina inocentes, não excluindo para isto até mesmo as formas violentas.
 
O grito da Praça da Sé no sábado 24 de março não é de iniciativa da Igreja, mas do Comitê Paulista da campanha “Por um Brasil Sem Aborto”, mas tem o apoio explicito das Igrejas cristãs, é ecumênico, e de muitas outros grupos sociais não ligados a correntes religiosas. Todos estarão mostrando sua voz em defesa da dignidade humana, na esperança de que os homens e mulheres de hoje se unam para que o futuro seja regido pela cultura da vida e não da morte.
 
Para os que têm fé, a iniciativa vem a calhar com o tempo quaresmal preparatório para a Páscoa da Ressurreição, onde celebramos a vitória de Cristo sobre a morte e ainda com o tema da Campanha da Fraternidade do corrente ano: “Fraternidade e Amazônia - Vida e Missão neste chão”.
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