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Publicado: Segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A vergonha desapareceu

A inspiração desta crônica ou artigo veio da notícia veiculada por noticiários da tevê (dia 27/12) de que as roupas de aluguel (em Brasília), destinadas aos interessados em comparecerem à posse da Presidente Dilma, estavam em falta, dado o excesso de procura.

Daí lembrei-me que o fato de existirem casas, butiques ou lojas de aluguel de roupas, já vem de longa data, porém, tudo se fazia com absoluta discrição, pois causava certo vexame íntimo deixar transparecer que a roupa que se usava, eventualmente, não era própria, mas alugada.

Hoje a vergonha, antigo sentimento que outrora deixava as pessoas enrubescidas, por qualquer palavra, gesto e até olhares inusitados fora dos padrões normais, vai desaparecendo aos poucos, em face da licenciosidade dos novos costumes que tudo admite e os divulgam com total amplitude e desfaçatez.

Deparei, então, com anotação que fiz, exatamente em nove de maio deste ano (2010), quando, internado em hospital, sozinho, recuperando-me de cirurgia, para me distrair liguei a tevê: no programa do Gugu (9 da noite), quatro mulheres de biquíni e embarreadas, dentro de pequena gaiola, eram lavadas por um homem que se utilizava de uma esponja e um chuveirinho!

Sem-vergonhice total, que na verdade compendia a imoralidade que ininterruptamente se defronta na grade televisiva. No cotidiano, a regressão à moda indígena é também alarmante, sobretudo pelo elemento feminino que além de se desnudar cada vez mais, agora se adorna com tatuagens e piercings nos lugares mais íntimos.

Aonde iremos parar? Seria bom retornar ao primitivismo estado natural, vivendo sem roupas e enfeitando o corpo apenas com pinturas sobre a pele, brincos e colares?  Para os países tropicais e regiões de calor intenso até que se poderia admitir diminuição das vestes, mas quem tem inverno como europeus, norte-americanos, etc., seria bom se vestir apenas com bermuda e camiseta?

Mas, o que se pode considerar como sem-vergonhice máxima, acredito, foi a notícia (Jornal Nacional de 28/12/2010), de infeliz projeto de Lei outorgando benefícios pecuniários para o amante desprezado! O amante ou amásio, masculino ou feminino, além de exteriorizar procedimento incorreto ou pecaminoso, se transforma em personagem oficial, “digno integrante da sociedade”, que merece indenizações pelo fim ou rompimento desses relacionamentos espúrios e vergonhosos!

Não pretendemos prosseguir fazendo retrospectiva de sem-vergonhices que paulatinamente vão penetrando no íntimo social, minando as resistências dos mais “puritanos”, cognome irônico que os “distintos” arautos do progresso e da modernidade criaram em seu impertinente avanço pela destruição dos costumes e valores tradicionais.

Vamos concluir com a esperança, de que mais do que nunca se faz necessária, de que o Novo Ano, ao menos, permita mais tolerância entre os adversários, mesmo com a eclosão das divergências e sem-vergonhices que maculam ou impedem duradoura permanência da paz, tão almejada por todos.    

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