Colunistas

Publicado: Quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A última viola caiçara

Crédito: Facebook/Cris Oliveira A última viola caiçara
Cris Oliveira e Zéllus Machado

O mundo artístico da cidade de Santos e região foi pego de surpresa na última sexta-feira. Foi quando encontraram no IML local o corpo de um dos principais artistas da região, um dos poucos pesquisadores da cultura caiçara do litoral paulista e intérprete do famoso fandango caiçara, parte da cultura imaterial de nosso estado.

José Luiz de Paula Machado Filho, o Zéllus Machado, nos deixou no dia 1º de fevereiro, aos 53 anos. No meio artístico de Santos e litoral paulista desde 1975, Zéllus participou de vários coletivos culturais da região. Poeta, músico-compositor, ator, violeiro e pesquisador de cultura caiçara, seu corpo foi achado nas águas da baía de São Vicente, ao Japuí, entre a Ponte Pensil e o caminho para a Praia das Vacas, ainda no dia primeiro, às 01h30.

Como os familiares demoraram a iniciar as buscas por Zéllus, o paradeiro do artista só foi encontrado na sexta-feira última. Para seus vários amigos e uma legião de fãs, a notícia de sua morte foi um choque.

Foi um velório, no último sábado, difícil para todos que tinham grande carinho por Zéllus. Autor de grandes canções, ele era um dos poucos que tocava em sua viola um fandango caiçara como ninguém.

No momento, estava com três apresentações marcadas para o Sesc Bertioga e uma participação musical nos eventos do Culturamente Santista para os próximos meses de março e abril. Era também um dos artífices da Trupe da Areia e viveu por dois anos no nordeste brasileiro, além de uma experiência como artista de rua em Dublin, República da Irlanda.

Segundo o laudo do IML, a causa-mortis do artista foi por afogamento. Poucos sabem dizer ao certo o que eventualmente aconteceu.

O que realmente se sabe é que Zéllus Machado deixa uma lacuna na cultura do litoral paulista, pelo seu conhecimento de música nativa caiçara e por todas as influências que recebeu de diversas tendências ao longo de todos esses anos militando na área cultural.

Tanto ele quanto o também falecido Toninho Dantas foram os principais expoentes das manifestações da classe cultural da cidade nos anos 1990, quando o então prefeito Beto Mansur cogitou seriamente a possibilidade de acabar com a secretaria de cultura local.

Zéllus deixa filhos e a atual companheira Cris Oliveira, presente na foto que ilustra a coluna dessa semana.

Um espírito dócil de um grande compositor, ele certamente nos fará muita, muita falta.

Comentários