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Publicado: Quarta-feira, 16 de maio de 2012

A pérola? As crianças

Farol fechado, você o primeiro na fila, com alguém ao lado. Sem o sinal verde, este arranca na frente. Fica para a gente uma sensação, aparente é claro, de que você é bobo.

Numa repartição, atende-se o cliente da vez. Alguém, por cima, de sorriso amarelo, pede e automaticamente se lhe concede uma licença. Um minuto só. E o interrompe.

Quase sempre o minuto é largamente elástico, quando, pelo beneplácito do funcionário que também fica vendido, simplesmente o outro passa a ser atendido. Os educados, nesses casos, ficam com jeito de trouxas...

Não se solucionam os milhares de casos dessa espécie, com o uso das mesmas armas, exatamente as da falta de educação, como também não representaria solução, os “espertos” assim o serem sempre e, simples resignados, os outros.

E por aí se chega facilmente a uma conclusão óbvia: é preciso educar o povo brasileiro.

Interessante.

Tudo, mas tudo mesmo que anda mal, reflui a esse ponto inicial, o da educação. Talvez, algum dia, quando nos inserirmos no primeiro mundo (!), essa falácia seja conseguida. Urge, porém, a tomada de providências para o aqui e agora. Com esta visão dos fatos, a experiência vem demonstrando que não podemos contar muito com o poder público.

Nasce daí o tema desta crônica.

Sobra para você. Seja bobo só mais um pouquinho e comece por você mesmo. Considere todas as ocasiões em que você eventualmente se descuide e também exceda ou erre. Elimine as práticas que sustentam a ideia brasileira de que se há de levar vantagem sempre. Neste caso, claro, é imprescindível uma dose não pequena de humildade. Virtude difícil, não? Ah, se é. Para todos nós. Difícil, mas não o suficiente para deixar de tentar e não se esforçar.

O mundo, a sociedade, as pessoas afinal, precisam, essencialmente, melhorar as suas relações. Estamos sendo conduzidos numa velocidade impressionante para o individualismo. Tanto as promoções públicas como as atitudes pessoais com apelos de generosidade, examine-as em profundidade e verá que, infelizmente, outra vez, não se revestem de sinceridade ou há um interesse oculto nelas.

Simulam-se também amizades. Isto quando existe uma aparente simpatia, proximidade de pessoas e seleção de nomes, mas que em verdade encobrem o papel de puro interesse. Estamos a discorrer sobre as relações que consideraríamos cordiais. Não entram neste enfoque as conhecidas situações de choque, disputas e antipatia gratuita. A luta pelos interesses particulares e a busca de vantagens de toda ordem, ocorrem no campo de atuação dos cidadãos irrecuperáveis. Deveriam ter sido demovidos em crianças. Na idade adulta, os vícios já criaram crostas.

Tudo, porém, não está perdido.

Há uma pérola, que nasce pura e pode, se você dela cuidar, assim permanecer por toda a vida.

A esperança do amanhã. Frase chocha, não? Mas não tem outra.

A esperança só está no futuro.

A pérola? As crianças.

Cidadania, ética, princípios.

Eis a questão.

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