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Publicado: Segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A operadora de telemarketing

Solange senta-se em frente ao telefone e se dispõe a começar seu dia de trabalho.

Este não é exatamente o emprego que ela queria, mas foi o que conseguiu.

Tem consciência de que ninguém gosta de atendê-la, que muitas vezes toca em horas impróprias.

Fazer o quê, se o seu horário é das 8 às 16 horas e dentro dele tem que fazer um mínimo de ligações para garantir um mínimo de salário.

De manhã as pessoas, às vezes, ainda não acordaram, outras vezes estão tomando o café da manhã, aprontando as crianças para a escola, limpando a casa, lendo o jornal ou preparando o almoço.

À tarde, estão descansando, recebendo visitas, vendo a novela.

Não há na agenda de ninguém um horário para telemarketing.

Os educados (raríssimos, quase inexistentes)

- Boa tarde! Aqui é a Solange, do Banco da Esperança.

- Muito prazer!

- Estamos oferecendo empréstimos para aposentados com juros baixos...

- Que interessante, vou falar com meu marido. Quando formos ao Banco direi que foi você que me contatou.

- Boa tarde pra você também.

Os irônicos:

- Estamos lançando um novo cartão de crédito.

- Desculpe, no momento não posso atender.

- Quando posso retornar? Qual o melhor horário para o senhor?

- Domingo. Às 3 da manhã.

Ela devia ligar mesmo às 3 da manhã!

Os grosseiros:

- Boa tarde, meu nome é Solange, do Banco Esperança.

- É? Soube que vocês têm um plano de saúde muito bom.

- Oh! Sim! É o seguinte...

- Não me interessa! Por que não oferece para sua vovozinha que deve estar precisando?

Os atrevidos:

- Boa tarde! Sou a Solange

- O Banco da Esperança está oferecendo um crédito de R$ 3.000...

- Pode creditar na minha conta, depois vamos você e eu queimá-los em um motel.

E assim Solange vai fazendo o seu trabalho e ao mesmo tempo fazendo um estudo do comportamento humano.

Acho que podemos saber muito sobre uma pessoa, simplesmente pela maneira que ela atende a um inoportuno operador de telemarketing.

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