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Publicado: Sexta-feira, 13 de outubro de 2006

A Missão da Igreja

Em meio às movimentações do processo eleitoral no País, a Igreja cumpre sua missão de anunciar Jesus Cristo no exercício da cidadania, mas não pode se reduzir a este estreito aspecto. Ela vai muito mais além e anima seus filhos a serem abrangentes em sua vivência de fé.

É necessário recordar que o mês de outubro é tradicionalmente Mês Missionário na Igreja, quando os cristãos são chamados a rezar e a trabalhar especialmente pela difusão dos princípios cristãos no mundo inteiro, do amor de Deus a todas as raças, afinal, da Pessoa de Jesus Cristo entre os povos.

Em nossa Diocese de Jundiaí que completa 40 anos de existência no próximo dia 6 de janeiro, o espírito missionário tem sido desenvolvido, com forte acento nestes dois últimos anos, quando pudemos adotar o tema Missão como prioritário na ação pastoral diocesana. Foi criado o projeto de inter-colaboração entre as Igrejas de Jundiaí e Marabá, em pleno andamento, contando hoje com a presença de dois padres que assumiram duas paróquias de imensas dimensões geográficas naquele interior do Pará. A presença destes presbíteros ali é, na verdade, a presença da Igreja jundiaiense na missão além-fronteira. Estamos estudando agora maneiras de ampliar a ajuda àquele povo-irmão, não só com sacerdotes que não podemos aumentar por ora, mas também de outras formas. Foi oferecido ao bispo diocesano de Marabá, dom José Foralosso, oportunidade de enviar seminaristas da teologia para residirem em nosso Seminário, caso desejasse. Tal medida tem como escopo não só a colaboração na diminuição de gastos para aquela diocese, mas também uma forma de auxiliar na formação do espírito missionário de nossos próprios seminaristas. Alguns leigos têm se oferecido para irem em missão. São, na verdade, muitas as frentes missionárias que podem ser realizadas, porém nem tudo se conseguirá de imediato.

Lembremo-nos, contudo, de que a missão não se resume apenas em ir para longe. Nossas cidades e, sobretudo nossas periferias são território de missão. Também entre nós há necessidade de aumentar o espírito missionário seja entre os leigos, seja entre os padres, seja entre as paróquias, seja entre as comunidades. Ser missionário é inerente à condição de ser Igreja, pois ela é essencialmente missionária. O Senhor a fundou assim. Ele, ao final de sua vida terrestre, enviou os seus discípulos dois a dois a todos os lugares onde ele próprio deveria ir, como nos ensinam os santos Evangelhos.

Desenvolve-se, ainda timidamente, mas com perspectivas de crescimento, o projeto de paróquias irmãs que consiste em uma paróquia de melhores condições auxiliar outra de situações menos favoráveis. Oxalá houvesse muitas iniciativas entre os párocos e conselhos neste sentido.

É necessário que o interesse pela missão seja levado aos corações das crianças na catequese, dos jovens e dos adultos. É preciso levar o tema às escolas e aos grupos, aos movimentos e às novas comunidades. Se não for missionária, a Igreja perde seu sentido. Se não formos missionários não seremos autênticos discípulos.

Celebra-se, este ano, o quinto centenário da vida de São Francisco Xavier, um dos “gigantes” da missão de toda a História da Igreja. Por isso, a campanha missionária no presente ano centrou suas reflexões em sua experiência de fé e colocou no cartaz a sua imagem. Este grande propagador da fé nasceu na Espanha, no Castel de Xavier, em Navarra, aos 7 de abril de 1506. Fez-se jesuíta e foi ordenado presbítero em 24 de junho de 1537. Em 1540, de Lisboa, parte para a Índia, trabalha em Goa e segue, em 1545 para Malásia. Prega na Indonésia e no Japão. Em 1552, parte para a China onde falece a 3 de dezembro daquele mesmo ano. Homem de vida santa e exemplar na coragem e na dedicação incansável à causa de Jesus Cristo, foi canonizado juntamente com Santo Inácio de Loyola, o fundador da Companhia de Jesus, em 1622. São Francisco Xavier foi declarado por Pio XI, em 1927, padroeiro das missões, juntamente com Santa Teresinha do Menino Jesus.

Pode-se imaginar quantas barreiras este autêntico filho de Deus teve que enfrentar: lugares desconhecidos, línguas diferentes, costumes e culturas totalmente outras. Pregar o nome de Jesus Cristo nestes recantos do mundo exige uma atitude de alma e coragem exemplar. O que teria movido este inteligente moço a deixar tudo e partir? A resposta a esta pergunta será o fundamento de toda missão. Há de haver no coração do missionário mística e decisão de vontade. A mística é o segredo que mora no coração de quem deixou-se encontrar por Cristo no caminhar de sua vida. A missão somente pode se dar se for resultado de um amor que vincule o coração humano ao coração de Deus.

O Papa Bento XVI, em sua belíssima mensagem para o 80º Dia das Missões (22 de outubro), escreveu: para amar segundo Deus, é preciso viver n’Ele e d’Ele: a primeira casa do homem é Deus, e somente quem mora n’Ele arde de um fogo de caridade divina capaz de incendiar o mundo.

A missão tem como motor o amor de Cristo que nos impulsiona; sem ele, nada se realiza e nem persevera, pois, como afirma Bento XVI, este é a alma da missão.

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