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Publicado: Domingo, 10 de maio de 2015

A minha porta da esperança

A minha porta da esperança

Sempre que passo na esquina da Rua Graciano Geribello com Av. Galileu Bicudo volto para minha infância.

Ali existe ainda hoje o prédio onde funcionou por muitos anos a Cia de Fiação e Tecelagem São Pedro, onde minha mãezinha passou a vida inteira trabalhando como tecelã. Era rotina para mim, sentar-me do outro da linha do trem que passava em frente à fábrica (eu era proibido por ela de ultrapassar a linha) e ficar esperando a saída dos funcionários, que acontecia as 10 e as 18 horas.

Nestes momentos abria-se essa mesma pequena porta de madeira que aparece na foto e saiam em primeiro os funcionários mais apressados, que moravam longe e tinham que apanhar condução, e de repente, ela, minha mãe. Era sempre uma alegria, como se estivéssemos separados há anos.

Morávamos perto da fábrica, numa casa cedida por ela como era costume na época, quebrávamos duas ou três esquinas e pronto, chegávamos em casa. Lembro-me que neste curto trajeto eu tinha que contar os “problemas” da escola, antes de chegar. Ah seu meu pai escutasse!

As fábricas São Pedro, Maria Cândida, Redenção, Brasital, São Luiz, representaram o início da industrialização de nossa cidade e região. Trouxeram muitos empregos e riquezas para a nossa cidade, mas eu não entendia isso na época. Tinha isso sim, um grande desprezo por ela que “prendiam” minha mãe todo dia durante horas.

Mas um dia, essa mesma porta fechou-se e nunca mais se abriu, entretanto, ainda está viva na minha mente a imagem da minha mãe saindo por ela.

Por capricho do destino, eu passo diante dessa porta todos os dias, a caminho da faculdade onde leciono ou nas caminhadas matinais, e como num sonho de criança, olho para ela toda vez na esperança de que um dia ela se abra e eu veja, mais uma vez, minha mãe.

Feliz Dia das Mães, D. Cida Boni.

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