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Publicado: Sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

A menina que perdeu a fé

            Hoje eu passei por um caminho cheio de flores.

            Automaticamente me transportei para os verdes anos da minha infância. Aquelas florzinhas eram idênticas às que rodeavam o caminho lá de casa...

            Curiosamente o que mais me marcou não foi à lembrança das florzinhas, mas a menina (eu) que as contemplava. Eu tinha um olhar pleno de alegria. Meu coração era sereno e seguro. Com o olhar atento observava, as abelhinhas no seu trabalho de entrar em cada flor para extrair o adocicado néctar; as borboletas esvoaçantes e, aqui e acolá, um beija-flor com seu longo bico-de-agulha a “beijar” as flores.

            Segui o meu caminho, mas aquela sensação de tranquilidade e segurança já não estava mais presente em meu coração. Ficou apenas uma angústia, uma necessidade de ser cada vez mais rápida. Um forte sentimento diante de tantas coisas que tenho que fazer e que não “dou conta”. Uma insegurança, um medo de perder o que já foi conquistado. Medo de arriscar, medo de ousar. São tantas as barreiras, tantos os empecilhos, tão longo os caminhos.

            Onde terá ido aquela menina? Por que ela se foi? Por que ela não para mais para contemplar as flores e os pássaros? Justo agora que ela cresceu, passou a ter medo das abelhas, medo de cobra, medo do sol, medo, medo, medo...

            Para onde terá ido sua inocência?

            Aquela menina era ávida por observar tudo. Quanto mais observava mais consciência tinha. Na sua inocência ela apenas se entregava, pois confiava nos pais, nos tios, nos professores, nos anjos, em Deus...

            Mas, todos estes sentimentos não deveriam ter crescido junto com a menina? Parece que ela também perdeu a sua fé. O mundo deu-lhe dúvidas e incertezas e ela foi deixando de lado sua fé.

            A pressão negativa da mídia através de todos os meios de comunicação, somada à pressão da sociedade, acabaram bloqueando a pobre menina nos seus valores.

            O caminho lá de casa margeado por flores ficou para trás.

            Enquanto sigo o meu caminho, penso agora nas pessoas com quem convivo em minha casa, no meu trabalho, na igreja...

            Onde andarão agora os meninos e meninas que cada um foi outrora? Estarão igualmente com receios, temores e dúvidas?

            São tantas as dificuldades...

            Sinto que é necessário que deixemos “sair pra fora” os meninos e meninas que estão dentro de nós. É preciso reencontrar a nossa fé, para assim, voltarmos a ousar sem temor, por sabermos que estaremos sempre amparados e protegidos por Deus e pelos anjos do céu.

            É preciso que voltemos a acreditar em um mundo melhor. É preciso despertar a menina que perdeu sua fé, e ajudá-la a reencontrar.

            Como nos faria bem recuperarmos a tranquilidade e a serenidade para podermos parar um pouco e nos encantarmos novamente com a beleza das florzinhas que enfeitam o caminho lá de casa...

Ditinha Schanoski

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