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Publicado: Sábado, 3 de outubro de 2009

A lua cheia de libra

Crédito: Banco de Imagens A lua cheia de libra
Pese nos pratos da sua Balança valores essenciais

Colocando nossos valores nos pratos da Balança:
- de um lado o Sol em Libra, do outro a Lua em Áries.

Duas ondas defasadas em 180º anulam-se entre si – constituem o “nó” de uma corda, onde a energia potencial é igual à cinética. Não há movimento, a propagação estagna. Acontece assim com muitos relacionamentos. Um se ajusta de tal forma ao outro que ambos se anulam. Estanca o crescimento das individualidades. É hora de colocar os valores nos pratos da balança.

Como se equilibram as tênues dinâmicas das relações humanas? Que pesos colocamos de um lado ou de outro das nossas balanças?

Conjugando o nós: o nós transcende o Eu e inclui o outro!

Aprender a conjugar o nós é uma arte, a arte do eu com outro, eu com outro: a arte do encontro, da composição. Deriva daí o símbolo da balança: pesar nos dois pratos as diferenças, para compor o que vale a pena ser conjugado pelo “nós”. O nós é a terceira força que se constrói ao longo dos anos, em uma relação. Acordos, desacordos, de muitos tratos e contratos, alguns tácitos, outros explícitos. Nasce daí uma resultante e ao mesmo tempo uma consonante que agrega, integra as diferenças e promove a união. Nem eu, nem o outro: nós! Caso contrário é inevitável a separação, a falência do "nós". Ou se desfazem os nós ou se desfaz a relação. O nó que amordaça - amor-daça o próprio ego, o amor fica aprisionado, enquistado, é o mesmo que impermeabiliza, isola, impede a troca, e paradoxalmente expõe o que procurava ocultar, a própria limitação: reconhecemos o outro não pelo que ele afirma ou pelo que diz, mas pelo que não é capaz de apreender, de assimilar, perceber. O limite do outro é onde o outro pára de interagir.

O "nós" cresce como a semente de uma árvore, plantada em terra fecunda, mas que precisa ser regada no dia a dia. É a terceira força, quase sempre invisível, que nos tira do impasse das divergências, da anulação da individualidade dentro de uma relação, e aponta na direção de saídas consensuais para os impasses, sem julgamento, sem condenação. A terceira força é a ação misteriosa que nos move em direção à descoberta de nós mesmos, que acende o fogo, liga a luz, traz o filho, faz a roda girar, nos liberta da polaridade e das tensões naturais entre o "eu" e o "outro".

"Em primeiro lugar, quando a jornada começa, também inicia-se uma experiência maravilhosa com um Outro misterioso. Em segundo lugar, enquanto progredimos pelo caminho, haverá sempre um esforço de união ao Outro misterioso. Em terceiro lugar, no ponto de realização, compreendemos que nunca existiu o Outro.” (Padre Thomas Keating)

O nós que liberta é o nós que confia, e como fio da meada revela a trama das fiandeiras do destino, estabelecendo novas ligas nas relações. Fazer junto é libertador.

Experimente, a partir dessa nova Lua Cheia de Libra, conjugar mais o nós, usar mais em suas proposições a primeira pessoa do plural:

- Vamos à festa? Vamos ao cinema?

Ao invés de:
- Você quer ir à festa? Você quer ir ao cinema?

Quando nos colocamos na primeira pessoa do plural estamos nos inserindo de coração na intenção da própria proposição, sem reservas, sem estratégias, sem segundas intenções, sem nos colocar numa posição reativa, ou gerar oposições. Já explicitamos de antemão nosso real desejo de fazer junto, de fazer parte, de participação. Não ficamos aguardando estrategicamente o posicionamento do outro, para nos posicionar. E além do mais criamos a prerrogativa, diante de uma negativa ou recusa, de seguir nossa intenção inicial, e de fazer sem o outro aquilo que o outro não quer fazer. Ninguém pode ser responsável por algo que você fez ou deixou de fazer.

No mapa astrológico existe uma área integralmente dedicada ao outro, à qualidade das parcerias. Essa área é a casa sete do horóscopo, e no zodíaco natural encontra correspondência com o signo de Libra, a Balança, justamente em oposição à Áries. Como o mapa simboliza a totalidade de sua vida, podemos dizer, portanto, que o outro não está lá fora, é uma parte integrante da sua relação com o mundo: um doze avos do mapa inteiro. Na verdade é o ponto de contato particular, a intersecção com o que está lá fora. Cada pessoa que entra em sua vida é uma parte integrante de seu ser que precisa ser reconhecida: um pequeno espelho, ou fragmento da alma.

Não precisamos ir tão longe, e nem recorrer à física quântica para explicar a sabedoria do antigo ditado popular que diz: “Diga-me com quem andas que te direi quem és”- que mostra o quanto que o outro que permitimos entrar em nossa vida mostra quem somos nós. Olhe com mais atenção e acuidade para quem está à sua volta, que faz parte de seu círculo mais próximo, a quem você recorre quando precisa tomar uma importante decisão, eles falam muito mais de você, pelo que são, do que pelo que falam para você. Cada pessoa que conhecemos não entra em nossa vida por mera obra do acaso. Podemos não saber as causas, a origem, mas na certa, cada novo encontro é uma sincronicidade, está repleto de significados. É uma oportunidade única de recolher fragmentos de nossa totalidade e reconhecer os valores que nos motivam, pelos valores das pessoas com quem estamos em contato.

Pesar nos pratos da sua Balança os valores que para você são essenciais numa parceria é o que se espera para essa fase da Lua cheia de Libra. É a única fórmula que garante que as escolhas sejam mais sensatas.

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