Colunistas

Publicado: Quarta-feira, 31 de maio de 2006

A Juventude na Igreja do Brasil

A 44ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), celebrada neste mês de maio, deu um passo significativo no trabalho com os jovens. Já era passada a hora de rever os métodos e redimensionar os caminhos. Criando uma estrutura rígida, a Pastoral da Juventude da CNBB, ao passar do tempo, foi tomando certa configuração supra-diocesana, com uma organização nacional em que os Pastores tinham pouca voz quando não entrassem no esquema preestabelecido muito mais voltado para a militância do que propriamente para a vivência eclesial. Sem negar reais valores seja na organização seja, sobretudo nos membros da referida Pastoral, era tempo de dar aos jovens de outros grupos de paróquias, comunidade e movimentos a certeza que têm seu lugar na vida pastoral, uma vez que optaram autenticamente por Jesus Cristo, fiéis ao magistério da Igreja.

Entre muitas reflexões vindas dos grupos de estudo na Assembléia, pude contribuir com um aparte em plenário, demonstrando que era hora de mudar a concepção na evangelização dos jovens. Concretamente propus formar em todas as dioceses o Setor Juventude onde todas as forças vivas juvenis das comunidades tivessem espaço para se expressar e se ajuntar às demais experiências, num clima de fraternidade, unidade e complementaridade na ação.

Observei com satisfação, que esta idéia já era realidade não só na Arquidiocese de São Paulo e na Diocese de Jundiaí, lugares onde pude iniciar esta nova forma pastoral, mas também em muitas outras dioceses onde foram criados Conselhos Diocesanos de Jovens ou Comissões de Juventude. Na viva comunhão com seu Bispo diocesano e os presbíteros locais, sejam os jovens da PJ, dos movimentos, ou de outros grupos paroquiais se entendem bem, se auto-evangelizam, aprofundam sua vida sacramental, a consciência de igreja, o senso de partilha, a responsabilidade na cidadania, a partir da opção efetiva por Jesus Cristo. Isto é muito mais forte que uma simples ideologia.

Foi enviada uma “Mensagem às Jovens e aos Jovens”, após muitas contribuições do plenário. Para a melhoria do texto, foi pedida a centralidade do encontro pessoal com Jesus Cristo, ponto de partida para tudo na vida do cristão, base para as atividades próprias dos jovens, inclusive em sua luta por um mundo mais justo e solidário. Foi sugerido destaque para a ação missionária, a consciência do discipulado, sua atuação clara em favor da vida como algo sagrado, dom de Deus. Pessoalmente, dei minha contribuição para estas idéias-força e ainda pedi que fosse acrescentada a importância da viva participação na vida paroquial, na liturgia, sobretudo na Celebração Eucarística Dominical, onde se faz o encontro pessoal e comunitário com Cristo no Pão e na Palavra, na comunhão com a Igreja e se alimenta para a vivência autêntica dos valores evangélicos. Outra contribuição que pude dar foi no sentido de incluir no programa pastoral das Dioceses, a Jornadas Mundiais da Juventude, instituídas pelo Papa João Paulo II e continuadas por Bento XVI, celebradas a cada ano no Domingo de Ramos, até agora pouco impulsionadas no Brasil.

Os valores da família, os valores sociais e culturais, a responsabilidade na política, a luta contra os vícios, sobretudo as drogas, contra a violência e alienação foram outros aspectos importantes lembrados enfaticamente por vários bispos.

É significativa a seguinte convocação feita: Jovens, nós os convocamos, em nome de Jesus Cristo, a transformar o mundo e a não ter medo de dar sua resposta à vocação batismal, ao matrimônio, ao sacerdócio, à vida consagrada, religiosa e secular, especialmente ao desfio missionário, sendo fermento, sal e luz na família, na Igreja e na sociedade.

A nova fase que iniciamos garante autêntica e vigorosa evangelização dos jovens de hoje, transformando-os em verdadeiros evangelizadores dos demais jovens que ainda estão à margem da vida em Cristo.

Comentários