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Publicado: Domingo, 28 de janeiro de 2018

A imigração italiana e o MST

Ano de 1876. Faltavam comida e trabalho no conturbado reino da Itália. O governo italiano estimulava a emigração para aliviar a crise, que assolava principalmente o campo. As famílias italianas foram atraídas pela América e muitas decidiram cruzar o Atlântico em busca de oportunidades de trabalho e sobrevivência. No Brasil, a abolição da escravatura deixou a lavoura sem braços e os camponeses estrangeiros sem terra eram bem vindos. Calcula-se que mais de um milhão de italianos tenha emigrado para o Estado de São Paulo de 1876 a 1920.
       
A saga das famílias italianas no Brasil encontrou uma narrativa grandiosa no livro “Italianos em Itu: da imigração à atualidade” publicado em dezembro de 2017. Muitas das narrativas contidas no livro trazem um ponto comum: o desejo de possuir um pedaço de terra para cultivar, recuperando o que haviam perdido na Itália. Mas, para conseguir o tão sonhado quinhão, haveriam de trabalhar como colonos para os fazendeiros donos das terras.
 E assim, anos a fio, todos os membros da família, dos velhos às crianças, lavoraram e economizaram fazendo toda sorte de sacrifícios, até juntar o suficiente para comprar uma pequena propriedade agrícola. E seguiram lavrando o solo, sustentando as gerações seguintes, prosperando e buscando novos negócios na onda do desenvolvimento do país. A única ajuda recebida era dos conterrâneos, uma vez que as famílias se apoiavam mutuamente. Do governo vinha a oportunidade de trabalho e nada mais.
       
Ano de 1984. È fundado o Movimento dos Trabalhadores sem Terra por representantes de movimentos sociais, sindicatos de trabalhadores rurais e outras organizações, com apoio da Comissão Pastoral da Terra. Nesta época, o êxodo rural levou para as cidades mais de 30 milhões de camponeses, atraídos pelo “milagre brasileiro” propulsor do desenvolvimento urbano e industrial. Contudo, com a crise dos anos 80 muitos ficaram desempregados. A mecanização da agricultura eliminou muitas pequenas unidades de produção agrícola, deixando sem trabalho muitas famílias. Os objetivos do MST eram inicialmente: lutar pela terra, lutar pela reforma agrária e lutar por uma sociedade mais justa.
       
Uma série de invasões a propriedades improdutivas e produtivas marcou a história do MST. Com apoio do INCRA, muitas famílias foram assentadas e ganharam o direito a cultivar a terra. Em outros casos, a violência das ocupações ocasionou a destruição de plantações, equipamentos e ameaças aos proprietários e moradores das fazendas.
       
O apoio do governo se traduziu em uma série de benefícios para os membros do MST, tais como Bolsa Família, cesta básica por dois anos para os assentados, crédito a fundo perdido para moradias, crédito agrícola para os cultivos, garantia de compra da produção pelo governo e outras vantagens. A maior benesse, no entanto, foi a impunidade dos crimes praticados pela ala violenta do movimento.
Ano de 2017. O MST mudou o foco de atuação e em vez das invasões de propriedades rurais, passou a ocupar prédios públicos em áreas urbanas, levantando bandeiras como o combate ao desemprego, à corrupção e à política agrária e contra a reforma trabalhista. Os propósitos iniciais do movimento foram desvirtuados.
     
As famílias que buscaram a posse de um pedaço de terra para cultivar ou foram assentadas ou desistiram e voltaram para as cidades. Permaneceram os velhos, já que os jovens não querem ficar no campo e preferem as ocupações urbanas, mais leves e melhor remuneradas. Restou ao MST uma varredura nas cidades em busca de desocupados para formar massas de militantes dispostos a invasões e manifestações politicas em apoio a algum condenado pela justiça, sempre custeados com dinheiro público.
     
Os italianos foram inspirados por Jesus, a Virgem Maria, São Francisco de Assis e inúmeros santos e mártires oriundos das regiões da Itália onde viveram os antepassados dos imigrantes. Os seguidores do MST idolatram Che Guevara, Fidel Castro, Stalin, Hugo Chávez e o mais santo de todos: Lula.

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