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Publicado: Sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A força que vem do interior

Lembrando uma criança que cresceu, mas ainda não se conscientizou disto, o interior de São Paulo ainda olha a Capital paulista em busca de orientação e reconhecimento. Ninguém discute a importância da cidade de São Paulo, quando se trata de negócios. Os fatos e números não deixam dúvida sobre o colosso econômico que a maior metrópole do País representa. Só que junto com a concentração de atividades econômicas, vieram subprodutos indesejáveis, como o trânsito insuportável que se traduz em cruel perda de tempo, os altos custos dos serviços, a impossibilidade de reservas nos hotéis, os aeroportos caóticos, a poluição sonora e atmosférica com a deterioração da qualidade de vida, só para citar alguns fatores mais conhecidos. Por isso, não é bom nem para a cidade nem para o País que essa excessiva centralização de atividades empresariais persista em um só lugar.

O potencial para realizar eventos e reuniões de negócios fora da capital é imenso. Há estimativas que o movimento econômico do interior, descontados os 39 municípios da região metropolitana, equivale ao da Capital. Neste contexto, Campinas e seu entorno se destaca como um dos principais polos econômicos do Estado de São Paulo. Com um PIB de R$ 77 bilhões que representam quase 8% do estado, ali estão instaladas mais de 50 mil empresas, 50 delas subsidiárias das 500 maiores do mundo.

Com esses predicados, somado ao luxo de contar com o Royal Palm Plaza, eleito anos seguidos como o melhor hotel para eventos e negócios do País, Campinas está habilitada a acolher o setor de viagens de negócios brasileiro, hoje o oitavo maior do mundo. Para atrair esse mercado, Campinas possui privilegiada infraestrutura com excelentes rodovias de acesso e um centro acadêmico de alto nível.

O aeroporto de Viracopos é uma estrela que a cada dia brilha mais e sem falar no setor de cargas, ocupa o 12º lugar do País só em movimento de passageiros. Por lá estiveram no ano passado 5,4 milhões de passageiros, número que deve ser superado em 2011: só até junho foram 3,5 milhões de viajantes. A expansão promete atender 9 milhões de passageiros até 2013.

Diante dessas evidências, Campinas e o próprio interior de São Paulo têm os predicados para se tornar a bola da vez. O que falta? "Não trabalhamos nem pensamos em bloco. Campinas não conhece sua força, não identifica seus valores e métricas", comenta Luiz Antonio Guimarães, atual diretor de Turismo da cidade. Ele está habilitado para afirmar isso, como bem-sucedido empresário e ex-presidente do Campinas Convention & Visitors Bureau. "A cidade perde a oportunidade de se posicionar com liderança e como grande destino turístico de lazer, saúde, cultural e negócios – e nesse último pela falta de um Centro de Exposições", conclui. E com razão. Basta dizer que, sem qualquer esforço, a região metropolitana de Campinas recebe cerca de 1,5 milhão de visitantes de negócios por ano. Com esse potencial, não seria hora de não mais se comportar como menino que precisa de aprovação externa, sem a necessidade de buscar apoio na Capital, e sim liderar as decisões de seu interesse dentro do próprio território?

*Este texto foi publicado também na coluna Viagens de Negócio, de Fábio Steinberg, no dia 11 de agosto, no Diário do Comércio de São Paulo.

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