Colunistas

Publicado: Domingo, 27 de setembro de 2009

A educação em primeiro lugar

A educação em primeiro lugar
A educação é o bem que nunca acaba.

As notícias do jornal são velozes, quase efêmeras, seguem a vida moderna, em que tudo acontece tão rápido que não damos conta de acompanhar, quem dera curtir, saborear, sentir... 

Uma notícia importante passou rápida demais, talvez despercebida, mas que não pode ficar esquecida: “Pesquisa revela que o ensino está em 5º lugar entre as prioridades do cidadão brasileiro”. 

Não é possível (re)construir um país, torná-lo justo e democrático com cidadãos desvalorizando a educação e  desacreditados do seu poder. Um querido professor; hoje, meu amigo, dizia em sala de aula que os brasileiros têm celulares de última geração, mas não têm dentes na boca. Não é raro observamos casas abandonadas, mal cuidadas, em condições precárias de moradia, às vezes sem condições higiênicas, com antenas parabólicas nos telhados ou “carrões” nas garagens. O carro tem tanta importância na vida dos cidadãos brasileiros, que uma das primeiras medidas tomadas pelo governo frente à crise financeira foi a liberação de recursos para as montadoras.  A população pode ficar sem vaga na creche, sem médico no hospital, sem água na torneira, mas nunca sem um carro. 

Não estou com isso criticando o consumo de bens materiais, pelo contrário, sou a favor e desejosa do conforto que eles nos proporcionam. Mas tudo no seu tempo e no seu lugar. Primeiro o corpo e a mente: investir em educação é garantir todas as demais aquisições como consequências; e de forma sólida, permanente. A loucura exagerada pelo consumismo tem comprometido a formação das pessoas, que não percebem a efemeridade da vida material. Frei Betto diz que “como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma dos prazeres.” O que hoje parece ser fonte extrema de prazer, amanhã se revela causadora de frustração, porque os avanços materiais são rápidos, constantes e passageiros. 

A educação é o bem que nunca acaba. É o caminho seguro para o resgate da dívida social, para manter o ritmo do crescimento econômico e com ele ingressar no universo dos países do Primeiro Mundo. Não há duvida: só uma nação educada é capaz de influenciar as decisões de seus governantes, além de vigiá-los em suas práticas. 

Por isso a revelação da pesquisa “Educar para Crescer” organizada pelo Ibope não pode ser esquecida. Desde a leitura da notícia no jornal venho pensando no que poderia estar em primeiro lugar na lista de prioridades dos brasileiros. Confesso ter evitado o aprofundamento da informação. Em algumas situações a ignorância é bem-vinda: ela evita sofrimentos.  

Não quero saber o que pode ser mais importante do que o ensino; basta a consciência de um mundo deturpado e confuso. “Se, em vez de querermos atordoadamente ter e aparecer, participar e pertencer e sobressair, pensarmos em alegria e afetos; se acreditarmos que o bom e o belo são possíveis, apesar de tudo; se conseguirmos ser um pouco menos cegos e arrogantes, quem sabe começaremos a cair na real e a ajeitar a ordem do mundo que anda tão torta.” (Lya Luft). E assim, enfim, colocar o ensino em primeiro lugar na lista das nossas prioridades.

Comentários