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Publicado: Sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Árvore do Bem e do Mal

Consta da História Sagrada que Adão e Eva, no Paraíso, foram advertidos pelo Criador de que poderiam comer todos os frutos lá existentes, exceto da árvore da ciência do bem e do mal, plantada bem no centro do Éden.
 
Esse texto ainda relata que o demônio (anjo mau decaído), travestido de serpente, enganou Eva, sussurrando-lhe que ao invés de não morrer, ela teria oportunidade de conhecer tudo sobre o bem e o mal.
 
Eva não resistiu e além de comer o fruto proibido, o ofereceu a Adão, que para a agradar, também o comeu. Indagado pelo Criador da desobediência, Adão já procurou tirar o corpo, culpando a sua companheira Eva. Não adiantou: os dois foram expulsos do Paraíso carregando o indesejável pecado original!
 
Vários assuntos poderiam brotar daí para úteis e necessárias reflexões. Vamos nos restringir apenas ao que trata da desobediência. Como criaturas, somos impotentes e nos encontramos submetidos em tudo à vontade do nosso Criador. Se cometemos erro, como os nossos primeiros pais cometeram, não há como reclamar.
 
Temos de admitir e aceitar a punição e espernear não adiantará nada. Assim, parafraseando o tema para a questão das células troncos embrionárias, clímax polêmico do momento, podemos afirmar que se configura como contra a lei Divina matar o ser humano desde o seu momento inicial até o seu extremo final.
 
Esse problema das células tronco embrionárias equivale, na paráfrase, à árvore do bem e do mal. Violado o preceito agüentem-se as conseqüências. É evidente que tudo deve ser feito para que as forças do mal, com o seu forte apoio satânico, não saiam vencedoras.
 
As forças do bem, na atitude de obstaculizar, têm de suportar os epítetos de anacrônicas, obsoletas, obscurantistas, inquisitoriais, retrógradas etc., mas respondendo em legítima defesa podem apodar os adversários de endemoniados, luciferinos, feticidas ou embriõescidas, proscritos e assim por diante. Faz parte do “diálogo” democrático.
 
O cerne dessa discussão, ao final, se cinge em se saber se a célula embrionária é ou não o início de um ser vivo. Se for, utiliza-la, ou seja, mata-la, evidentemente é crime, não se justificando quaisquer pesquisas para descobertas de medicamentos ou simples emprego das mesmas como remédios para doenças até agora horrorosas e incuráveis.
 
A polêmica toda ainda gira nas diversas ramificações motivadas por falhas na Lei de Biossegurança e controvérsias sobre a forma de utilização ou destinação dos embriões congelados, eventualmente inservíveis e a liberação ou não de pesquisas com o mesmo.
 
O biólogo Fernando Reinach, (Estadão de 20/3/08), afirma que cientistas japoneses demonstraram ser possível converter células comuns em semelhantes às células troncos por meio de inserção de três genes distintos. O busílis da questão ou o patético, como afirma o biólogo, é que se essas células forem implantadas em um útero “elas deverão ser capazes de gerar um ser humano completo”.
 
Conclusão: ainda usando a paráfrase da árvore do bem e do mal pode-se dizer que o fruto proibido será a criação artificial de embriões. E, se a história se repetir, não sabemos qual o castigo que nos advirá, possivelmente mais benigno por já ter ocorrido a Redenção.
 
Necessariamente, porém, daqui a algum tempo, nas entrevistas para admissão em empregos (talvez para avaliar o QI) ou nas simples conversas entre amigos, quase sempre se indagará: “você, ou ele, é filho natural (se omitirá se é legitimo ou adulterino), de proveta ou de embriões produzidos em laboratórios?”.
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