Bem estar

Publicado: Quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dislexia: quando ler e escrever não é tão simples

O diagnóstico depende de uma avaliação criteriosa.

Dislexia: quando ler e escrever não é tão simples

Por Camila Bertolazzi

Para milhões de pessoas, ler e escrever não é tão simples. E, ao contrário do que muitos pensam, essa dificuldade não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócioeconômica ou baixa inteligência, e sim uma condição hereditária que, de acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, afeta de 0,5% a 17% da população mundial, e pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal e persistir na vida adulta.

Esse transtorno genético e hereditário da linguagem que se caracteriza pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico é o que conhecemos como dislexia. “Trata-se de um assunto amplo e complexo, que vem sendo, com certa frequência, apresentado e discutido em diferentes espaços, além dos meios científicos e acadêmicos. Isto é positivo, pois mostra que vários segmentos da sociedade atual estão em busca de compreender e saber como lidar com este transtorno, tanto no ambiente escolar, como profissional e social”, afirma a fonoaudióloga Maria Beatriz de Carvalho Fantinelli.

Diagnóstico

O diagnóstico da dislexia depende de uma avaliação criteriosa interdisciplinar, das áreas de neurologia, otorrinolaringologia, fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia, além de outras que podem se fazer necessárias. “É de grande importância que o diagnóstico e a intervenção terapêutica adequada sejam precoces, pois, desta forma, as dificuldades causadas por este transtorno podem ser minimizadas e as habilidades das quais dependem a aquisição do código escrito, sejam desenvolvidas ou melhoradas”, salienta a especialista. E completa: “O diagnóstico precoce também influenciará nos aspectos emocionais e de autoestima, pois família e escola bem informadas atuam de forma integrada e com o mesmo objetivo: o de promover melhora na qualidade de vida da criança com dislexia”.

Apesar de nenhuma cura ter sido descoberta, os portadores desse transtorno têm muito o que comemorar. “Em outros tempos quem não conseguia ser alfabetizado com a mesma tranquilidade que seus pares, sem causa aparente que justificasse tal problema, se via ‘sozinho’ no universo do aprendizado. Já hoje, com o avanço da ciência e dos recursos tecnológicos, o diagnóstico da dislexia vem se tornando mais acessível”. Segundo a fonoaudióloga, diante de determinadas dificuldades que a criança apresente na fase de alfabetização já é possível fazer um acompanhamento mais próximo, até concluir o diagnóstico de dislexia ou não.

Confira algumas recomendações dadas pelo Dr. Drauzio Varella – em seu site – sobre o assunto:

> Algumas dificuldades que as crianças podem apresentar durante a alfabetização só ocorrem porque são pequenas e imaturas e ainda não estão prontas para iniciar o processo de leitura e escrita. Se as dificuldades persistirem, o ideal é encaminhar a criança para avaliação por profissionais capacitados;

> O diagnóstico de dislexia não significa que a criança seja menos inteligente; significa apenas que é portadora de um distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado;

> O tratamento da dislexia pressupõe um processo longo que demanda persistência;

> Portadores de dislexia devem dar preferência a escolas preparadas para atender suas necessidades específicas;

> Saber que a pessoa é portadora de dislexia e as características do distúrbio é o melhor caminho para evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à baixaestima.

Comentários