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Publicado: Terça-feira, 4 de outubro de 2011

Corpo da saltense Maria de Lourdes Guarda é exumado

A religiosa está em processo de beatificação.

Crédito: A.I/Prefeitura de Salto Corpo da saltense Maria de Lourdes Guarda é exumado
O ato de exumação aconteceu no Cemitério da Saudade, com a presença do Postulador da Cauda de Beatificação Doutor Waldery Hilgeman

O corpo da saltense Maria de Lourdes Guarda foi exumado no Cemitério da Saudade, com a restrita presença de autoridades, familiares, padres da cidade, do Postulador da Causa de Beatificação Doutor Waldery Hilgeman e do Bispo Diocesano de Jundiaí Dom Vicente Costa, além dos integrantes da perícia criminal.

O Postulador explicou que o próximo passo será a nomeação de um relator que vai guiar o trabalho de tese de santidade, que indicará as virtudes e explicará porque a saltense merece ser venerável. “É um processo muito democrático. Quando a tese estiver pronta, é levada para cardeais e bispos que farão um parecer”, comentou, ao acrescentar também que várias cartas de graças alcançadas já foram analisadas, mas nenhum milagre comprovado.

O prefeito Geraldo Garcia lembrou que a data é um dos mais importantes de todo o processo de beatificação e que pretende criar um memorial para Maria de Lourdes Guarda, como forma da cidade reverenciá-la.

Em seguida, o cortejo seguiu para a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Monte Serrat, onde foi celebrada uma missa pelo bispo e padres saltenses. Os restos mortais de Maria de Lourdes Guarda foram colocados em um espaço reservado onde os devotos podem orar pela saltense.

Maria de Lourdes Guarda

Maria de Lourdes Guarda nasceu em Salto, no dia 22 de novembro de 1926, filha de Innocêncio Guarda e Júlia Froner Guarda. Estudou como interna no Colégio Patrocínio das Irmãs de São José, em Itu, lecionou em Salto, com 18 anos no Colégio da Congregação das Filhas de São José (D. Caburlotto). Sonhava em seguir os passos de sua irmã, na vida religiosa, mas primeiramente precisava tratar de um problema na coluna, uma lesão que lhe causava muita dor. Foi operada com relativo sucesso em em 1947 mas as dores não passaram e precisou se submeter a uma segunda cirurgia, que a deixou paralisada da cintura para baixo. Durante cinco anos sofreu seis operações, como tentativas frustradas de fazê-la andar. Com o pé direito gangrenado, teve a perna amputada do joelho para baixo.

No dia 9 de agosto de 1972, no Hospital Matarazzo, celebrou seus 25 anos de paralisia. Assumiu sua condição de deficiente física e embora deitada, numa forma de gesso, com uma perna amputada e a outra atrofiada, trabalhava para pagar sua diária na enfermaria, fazendo tricô e bordados sob encomenda. Seu quarto era um ponto de encontro e de atração, que reunia não só amigos, mas pessoas que buscavam consolo e ajuda para suas carências. Sua paz de espírito e sua alegria de viver se irradiavam cada vez mais para além das paredes do quarto hospitalar.

Desta época seus amigos recordam de seu rosto sadio, corado, olhos azuis, brilhantes, e suas palavras: “a vida é boa demais”. Enfim, se engajava na Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes – movimento internacional fundado na França, que ajudou a difundir no Brasil. Ao aceitar e assumir sua realidade paraplégica, abriu espaço para acolher a graça de Deus, e tem a mesma experiência que o Apóstolo Paulo, 2º Cor 12,9: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder”. Em 1980, foi eleita coordenadora nacional da FCD, e no ano seguinte começou a viajar, formando em todo território nacional, grupos de fraternidade, graças a doações de passagens de uma empresa aérea, que incluíam os acompanhantes, médico e enfermeira. Em 1992, terminou seu mandato como coordenadora da FCD, e suas viagens cessaram, pois o movimento já estava semeado por todo o Brasil. Faleceu no dia 5 de maio de 1996, e está sepultada no cemitério de Salto, túmulo de sua família.

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