Entretenimento

Publicado: Quinta-feira, 13 de abril de 2006

Estouro do Judas de Itu entra no livro dos recordes brasileiro

O Estouro do Judas de Itu, neste ano, teve um ingrediente especial: a notícia de que este evento é o mais antigo do Brasil, conforme a certificação concedida pelo Ranking Brasil - Livro dos Recordes Brasileiro. Este fato foi muito comemorado no Estouro, ocorrido neste domingo de Páscoa. Veja fotos.

Crédito: Juca Ferreira Estouro do Judas de Itu entra no livro dos recordes brasileiro
Judas e Diabo explodem, fazendo todo o público vibrar
Eloísa Rodrigues
O Estouro do Judas de Itu, neste ano, tem um ingrediente especial. É a notícia de que este evento é o mais antigo do Brasil, conforme a certificação concedida pelo Ranking Brasil – o Livro dos Recordes Brasileiro. A intenção, afirma Luis Paulo Rocha, responsável pela inclusão do estouro do Judas no ranking, “é levar esta manifestação folclórica ao Guinness Book internacional”.
 
São 129 anos comprovados. O registro mais antigo do Estouro do Judas em Itu é datado de 1877, no jornal Imprensa Ytuana. Neste mesmo periódico, na edição 210, ano V, de 20/03/1880, aparece o seguinte trecho: “No sábado depois da missa de Aleluia será queimado no pateo da Matriz um Judas de fogos de artifício. Trabalho do artista pyrothechnico Joaquim Corneta”. Ricardo Pacheco, presidente da Prótur, acredita que o Estouro já acontecia antes. “A impressão que temos é que o evento já era realizado antes desta data, mas o registro de 1877 foi o mais antigo que encontramos”, conta Pacheco. Rocha, cabo pirotécnico da empresa Show Pirotécnico Ituano e que correu atrás dos documentos para a certificação, também afirmou que há relatos anteriores. “Mas é preciso provar para entrar no ranking”.
 
Este registro também está relatado no livro “A Paixão Segundo Itu”, do historiador Luís Roberto de Francisco. No trecho, ele diz “Encontramos a mais antiga referência a um artesão do Judas de fogos ituano em 1877, quando Joaquim da Costa Oliveira, tido e havido como Joaquim Corneta promoveu a queima no largo da Matriz: ‘sábado – queimou-se no pátio da Matriz um Judas de fogo, trabalho do Sr. Joaquim Corneta (Jornal Imprensa Ytuana, 08 de abril de 1877, n° 59)” (p.139).
 

Eloísa Rodrigues
www.itu.com.br

São necessários dois meses
para a confecção dos bonecos
A idéia de registrar o Estouro do Judas no Ranking Brasileiro partiu de Milton Veronessi, responsável hoje pela confecção do boneco. “Nosso objetivo é trazer uma tradição popular, mostrar que é uma manifestação antiga, folclórica e popular”, afirma. Para ser aceito no ranking é preciso de mais provas possíveis. “Encontramos documentos, declarações, fitas e fotos para mandar”, disse Rocha. Para bancar os gastos, ele contou com a parceria indispensável da Prótur, que realizou os depósitos. “As despesas ficaram em torno de mil reais”, conta.
 
Veronessi é a 6ª geração a cuidar do estouro do Judas em Itu. Cabo pirotécnico, ele aprendeu todos os truques, desde os 12 anos, assistindo apenas ao mestre Zico Gandra a fazer o trabalho. “Durante todo esse tempo trabalhando com o Zico, ele nunca me ensinou nada. Aprendi tudo observando-o”, conta Veronessi que disse ter demorado quase 10 anos para decifrar todo o esquema de montagem, complexo por sinal.
 
Até hoje em Itu houve cerca de nove artesãos a fazer o Boneco do Judas. O Fundador foi o português Joaquim Corneta, que confeccionou de 1887 a 1899. O primeiro sucessor foi seu filho, Juquinha Corneta, de 1900 a 1902 ou 1903. Em seguida vem Sebastião Ceryno (1989 a 1918), José Assumpção Antunes (1901 a 1902). De 1922 a 193? (ou alguns anos mais), foi Urbano Pedroso da Silva. De 1931 até 2003, Amador Ferreira Gandra Filho, ou Zico Gandra como é mais conhecido, foi o responsável pela construção dos bonecos. A partir de 2003, Milton Veronessi passa a confeccionar sozinho o Judas, sendo que desde 1957 auxiliava Zico. Nos anos 40 houve ainda Antonio Begoraro (1942) e João Laurindo (por uns 10 anos).

Cerimônia
 
Para celebrar essa conquista, o Estou do Judas este ano contou com um esquema especial. Além da participação do Bloco do R, houve também a Banda do Exército. O evento começou às 11h15 do domingo de Páscoa (16/04), na Praça da Matriz. A radialista Angela Abreu foi a mestre de cerimônia. Ela explicou ao público sobre o ritual do estouro e a entrada no Livro dos Recordes Brasileiro.
 
Em seguida, a Banda do Exército desceu a Rua do Barão até a Praça da Matriz, à frente dos 16 soldados trajando farda de gala, que se posicionaram ao redor da praça, como sentinelas.
 
Ao meio dia começou o Estouro do Judas, que tem em média 15 minutos de duração. Zico Gandra, desta vez não confeccionou os bonecos, mas fez questão de assistir ao evento, e afirmou estar muito contente. "Não tem como explicar a alegria, ver esse povo todo reunido aqui para assistir [ao estouro]", disse Gandra, que aprovou os bonecos feitos por Milton Veronessi. "Está aprovado", comentou, "agora quero ver se funciona", brincou. E funcionou perfeitamente, tanto que o público presente até vibrava junto com os estouros.
Após todas as bombas estourarem, foi entregue ao Prefeito de Itu, Herculano Passos Junior, a Milton Veronessi e a Zico Gandra, o certificado do Ranking Brasil, declarando que o estouro do Judas de Itu é o mais antigo do Brasil. Após isto, o Bloco do R e a Banda do Exército encerraram o cerimonial com a música “Aquarela do Brasil”.
 
Comentários