Cotidiano

Publicado: Quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Se é que a gente tem idade pra contar uma história...

Crédito: Samuel Bruni Se é que a gente tem idade pra contar uma história...

Conhecer o Bruno foi inesperado, como todas as melhores coisas da vida. E foi também desafiador, como tudo que vale a pena. Escrever sobre essa história é divertido, assim como quando atravessamos a faixa de pedestre correndo porque demoramos demais pra descer à calçada e os carros podem começar a vir a qualquer momento.

Há muitos exemplos que poderiam nos descrever, porém somos mais simples do que acontecimentos. Algumas vezes, percebemos que as pessoas nos olham com compaixão, outras com admiração, e outras até com pena. Difícil lidar essas impressões, porque não é o que nós somos de verdade. Nós não nos preocupamos se o ônibus que iremos pegar é adaptado ou não, ou se a atendente da padaria fala LIBRAS. A gente não pensa no que a gente pode encontrar, e nem é inconseqüência proposital, a gente só é assim mesmo.

Claro que as horas ruins existem, já atrasamos compromissos porque o elevador do ônibus estava quebrado, o Bruno ainda não possui carteira de motorista por falta de intérprete na prova, a maioria dos empregos que surgem eu não aceito por não possuir transporte. Mas a nossa experiência nos ensinou a não permitir que essas horas se transformem em dias. No entanto, nós não vemos nada de diferente nas nossas dificuldades com as dificuldades alheias. Pelo contrário, nós sempre agradecemos a Deus por nossa vida fácil. Acreditamos que nossas maiores barreiras são nossos defeitos pessoais, que não tem absolutamente nenhuma ligação com limitação física. São apenas defeitos, desses que todo mundo tem, e que criam problemas na vida. Isso aí.

E talvez, o melhor de estarmos juntos é que podemos sempre dizer isso um pro outro, pra que essa teoria de vida não desapareça de nossas personalidades, porque é difícil ser o único a ter uma atitude diferente dos demais na mesma situação, mas quando se tem alguém do seu lado que pensa e age da mesma forma, a força cria raiz, e nascem também mais e mais galhos de formas leves de viver coisas pesadas.

E quando a vida é “hard”, a gente suga até a última gota de maturidade e humildade que aquilo nos traz, pra poder sofrer da melhor forma na próxima vez que for necessário. E poder rir com mais verdade sempre que surgir uma chance.

Flávia V. Lima
Votorantim 10 de setembro de 2014

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