Cinema

Publicado: Quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Zé do Caixão exibe filme para fãs em Itu

O II Festival Internacional de Cinema segue até sábado.

Não era meia noite, nem foi num cemitério, mas centenas de pessoas foram “aterrorizadas” por Zé do Caixão na noite de terça-feira, dia 11 de novembro, durante a abertura do II Festival Internacional de Cinema de Itu. O mítico personagem se mistura com a identidade do maior cineasta de horror do Brasil, José Mojica Marins, que compareceu ao Espaço Fábrica São Luiz para dar o pontapé inicial na mostra de filmes que acontece na cidade até esse sábado.
 
Em meio a aplausos e muito barulho, o mestre de cerimônias anunciou o que tanto era esperado pelos fãs: a chegada de Zé do Caixão. Uma fumaça branca que cobria todo palco deu lugar à forma sinistra do convidado da noite. Ao contrário da figura sisuda e nefasta que representa nas telas, o cineasta mostrou-se simpático, humilde e muito bem humorado, chegando a levar a platéia às gargalhadas quando mencionou fatos inusitados de sua vida.
 
O primeiro episódio de sua vida que o ator e diretor contou ao público aconteceu na sua infância, quando, aos nove anos, ele ficou encarregado de dirigir um espetáculo da Branca de Neve na igreja. “Quando a menina que interpretava a personagem principal tinha que gritar, ela não conseguiu, então eu coloquei uma lagartixa em seu vestido e ela não parava mais, até tirou a roupa na frente de todo o mundo”, contou.
 
Além das histórias de criança, Zé também falou sobre as dificuldades que passou para filmar sua primeira obra, informando inclusive que o seu filme demorou apenas 13 dias para ser feito. “O filme durou 13 dias porque eu só tinha dinheiro para isso”, brincou o cineasta. Outra dificuldade enfrentada foi a de encontrar atores dispostos a fazer esse tipo de trabalho. “Todos diziam que isso não dava sucesso e que não seria bom para a imagem”, comenta.
 
“À meia-noite levarei a sua alma”, mostrado gratuitamente para os fãs ituanos, foi duramente questionado pela censura. Produzido e exibido em 1963, José Mojica Marins foi duramente perseguido pela Ditadura Militar devido a grande quantidade de violência e heresia em sua obra. Apesar disso, o cineasta salienta que em uma semana, mais de 50 mil pessoas assistiram ao primeiro filme de horror produzido no Brasil.
 
Quando questionado a respeito da falta de valorização dos filmes nacionais, principalmente os do gênero do terror, Zé disse que o seu novo filme “Encarnação do Demônio” abriu muitas portas nesse sentido, não devendo em nada para os americanos.
 
O convidado especial do II Festival Internacional de Cinema de Itu ainda revelou que acompanha o trabalho de novos diretores de terror e os vê como seus “sucessores naturais”. Para finalizar, Zé rogou uma praga a todos os presentes: “Que a língua de vocês se transforme em serpentes e devore seus intestinos, e que todos sejam condenados a andar por aí com a barriga aberta, sentindo a dor agonizante do inferno”. Em seguida explicou: “Essa praga só valerá para quem não apreciar o Cinema Mundo”.
 
Após sua performance, Mojica atendeu pacientemente jornalistas e inúmeros admiradores, concedendo entrevistas e posando para fotos, enquanto ocorria a projeção de “À meia-noite levarei sua alma”, primeira obra da trilogia do Zé do Caixão.
 
O Festival
 
Na abertura do festival foi mostrado um slide com todos os filmes que serão exibidos ao longo dos dias 12, 13, 14 e 15 de novembro. Com destaque para a grande quantidade de produções iranianas, já que o país foi o escolhido para essa edição do festival, e terá como convidada a diretora Pegah Anhangarani.
 
 
Logo depois foi apresentado o trailer do novo filme do Zé do Caixão, A Encarnação do Demônio, que deixou o público chocado pela violência e carnificina explícita de suas cenas.
 
Outro astro que deverá prestigiar o festival ituano é o ator e diretor Paulo Betti, que estará presente no encerramento do evento, dia 15, às 18 horas, no Espaço Fábrica São Luis. Na ocasião, além de Betti, haverá a participação de músicos do Conservatório de Tatuí, responsáveis pela trilha sonora no filme “O Toque do Oboé”, que será projetado na noite. O encerramento também deverá ser marcado pelas premiações dos curtas metragens selecionados no festival.
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