Cinema

Publicado: Segunda-feira, 5 de março de 2018

Filme "Arpilleras" será exibido em Itu

Ação é organizada pelo Museu Republicano.

Filme "Arpilleras" será exibido em Itu
O fio condutor da narrativa fica por conta de um bordado denominado de "arpillera"

Março é um mês de mobilizações das mulheres em todo o mundo. Um dia antes do marco do Dia Internacional de Luta das Mulheres, a cidade de Itu recebe o documentário de longa-metragem “Arpillera: atingidas por barragens bordando a resistência”. Serão duas exibições no dia 7 de março (quarta-feira), organizadas pelo Museu Republicano de Itu.

A primeira exibição está marcada para as 14h30 para um grupo de mulheres bordadeiras. A segunda ocorrerá na sequência, às 19h30, aberta ao público. As entradas são gratuitas, sujeitas à lotação da sala. Após a sessão, será realizado um debate com uma integrante do Coletivo de Mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Além do filme, também serão expostas peças de bordados confeccionadas por mulheres atingidas por barragens de diversas regiões do país, que contêm relatos de violações de direitos humanos e de resistência.

O filme

O filme foi viabilizado por meio da plataforma de financiamento coletivo “Catarse”, em 2015, e é uma produção do Movimento dos Atingidos por Barragens. O MAB, como é popularmente conhecido, atua há 26 anos para garantir os direitos de pessoas impactadas com a construção de barragens no Brasil.

Dentro desse segmento social, as mulheres são as que mais sofrem com as violações de direitos humanos. Com a chegada de milhares de operários nos pequenos municípios que abrigam os canteiros de obras, por exemplo, há um aumento exponencial dos casos de assédio sexual, tráfico de mulheres, prostituição e estupro. Para mostrar essa realidade, o documentário cruza a história individual e coletiva de 10 atingidas espalhadas pelas cinco regiões do Brasil.

A partir da experiência de cada personagem, o filme aborda a problemática da hidrelétrica de Belo Monte, que atingiu aproximadamente 40 mil pessoas em Altamira (PA); a barragem de rejeitos de Fundão, que se rompeu em novembro de 2015 e causou a morte de 19 pessoas em Mariana (MG); a barragem do Castanhão, que canaliza água para a região metropolitana de Fortaleza (CE); a hidrelétrica de Itá (RS), idealizada no período da ditadura militar; e as hidrelétricas de Cana Brava e Serra da Mesa, ambas localizadas em Goiás.

O fio condutor da narrativa fica por conta de um bordado denominado de “arpillera”. Essa técnica surgiu no início do século passado em Isla Negra, no Chile, quando as mulheres começaram a utilizar a juta de sacos de batata para criar histórias costuradas. De uma ocupação para gerar renda, as arpilleras ganharam mais potência durante o período da ditadura militar [1973-1990].

Nas periferias de Santiago, as mulheres começaram a costurar denúncias com pedaços das roupas de seus parentes, desaparecidos pelas forças de repressão comandadas pelo ditador Augusto Pinochet. Entre a juta, elas escondiam cartas que descreviam a situação política no país.

Inspiradas nesse exemplo histórico, o MAB iniciou em 2013 um trabalho com as atingidas por barragens. Foram mais de 150 oficinas desde então, com o intuito de fortalecer a auto-organização das mulheres e criar um amplo levantamento das violações que ocorrem na construção de barragens no Brasil.

No documentário, uma arpillera com o contorno do mapa do Brasil une as personagens de Norte à Sul do país, criando um mosaico multifacetado de histórias de luta e resistência que se completam. São mulheres que perderam suas casas e memórias alagadas pelos lagos das barragens.

Serviço:
Data: 7 de março.
Horários:
14h30, no Museu Republicano de Itu/USP. Rua Barão de Itaim, 67, Centro, Itu/SP.
19h30, no auditório da Casa do Barão do Museu Republicano de Itu (SP). Rua Barão de Itaim, 140, Centro, Itu.
(11) 4023-0240, menu 3 

Comentários